Reprodução/Redes Sociais
28/02/2025 | 4 min de leitura
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um cenário de
crescente rejeição popular, com números que começam a ecoar os momentos mais
críticos do governo Dilma Rousseff, que culminaram em seu impeachment em 2016.
Pesquisa recente do instituto Paraná Pesquisas aponta que, no Paraná, a
avaliação positiva do governo Lula caiu para apenas 19,6%, enquanto a
reprovação atinge níveis alarmantes. Nacionalmente, a tendência de queda é
igualmente preocupante, reacendendo temores de uma crise institucional
semelhante à enfrentada por sua antecessora petista.
No auge da crise que levou ao impeachment de Dilma
Rousseff, em abril de 2016, a aprovação do governo da então presidente
despencou para 8%, segundo dados do Ibope à época, refletindo um colapso de
popularidade em meio a uma recessão econômica, escândalos de corrupção e
protestos massivos. Agora, sob Lula, a aprovação do governo parece seguir uma
trajetória descendente acelerada. Em fevereiro de 2025, o Datafolha registrou
que a avaliação “ótimo/bom” do governo Lula caiu para 24% em âmbito nacional,
uma queda de 11 pontos em apenas dois meses, enquanto a percepção de
“ruim/péssimo” subiu para 41%. No Paraná, o quadro é ainda mais dramático, com
menos de um quinto da população aprovando a gestão.
Analistas apontam que fatores como a alta da inflação,
com o índice anual chegando a 4,96% em meados de fevereiro — o maior desde o
final de 2023 —, e a insatisfação com o aumento do custo de vida estão minando
a base de apoio de Lula. “O governo está sob pressão severa. A percepção de que
o poder de compra diminuiu é o que mais pesa na avaliação popular”, explica
Bruno Batista, diretor executivo da CNT, que também mediu a desaprovação de
Lula em 55% em sua última sondagem.
Comparativo histórico: ecos de 2016
Quando Dilma enfrentou o impeachment, sua rejeição era generalizada, e o
governo se via acuado por uma oposição fortalecida e uma economia em
frangalhos. Lula, que em 2010 deixou o Planalto com mais de 80% de aprovação,
hoje luta para evitar que sua terceira gestão repita o destino de sua
sucessora. No Paraná, onde a direita historicamente tem forte presença, os
19,6% de aprovação registrados pela Paraná Pesquisas contrastam com os 51% de
desaprovação nacional apontados pelo mesmo instituto em novembro de 2024,
sinalizando uma erosão contínua.
Embora Lula ainda mantenha um patamar acima do registrado
por Dilma em seu pior momento, a velocidade da queda preocupa aliados. “Estamos
vendo um desgaste que pode ser fatal se não houver uma resposta rápida. A
economia precisa dar sinais de melhora, ou o governo arrisca perder
completamente a confiança popular”, alerta um estrategista do PT, que preferiu
não se identificar.
Por Júnior Melo