Por meio da proximidade, envolvimento e conexão com os filhos,
os pais criam um espaço positivo para seus filhos. Mas eles também se
beneficiam. O professor de Desenvolvimento Humano e Ciências da Família
da Universidade de Delaware, Rob Palkovitz, estuda as relações pai-filho
em contextos culturais, estágios de desenvolvimento e transições de
vida. A qualidade […]
Por meio da proximidade, envolvimento e conexão com os filhos,
os pais criam um espaço positivo para seus filhos. Mas eles também se
beneficiam.
O professor de Desenvolvimento Humano e Ciências da Família da
Universidade de Delaware, Rob Palkovitz, estuda as relações pai-filho em
contextos culturais, estágios de desenvolvimento e transições de vida.
A qualidade de uma relação pai-filho pode ser entendida pelos “3 C’s da Paternidade”: Clima Afetivo, Comportamento e Conexão.
Pais mais participativos mudam de maneira benéfica para as crianças, para suas comunidades e para eles mesmos.
A construção de uma relação pai-filho acontece gradualmente,
através de uma série de transições à medida que a criança se desenvolve.
É tentador pensar nas relações pai-filho em termos físicos e temporais, como:
O pai é carinhoso? O pai passa o tempo? O pai brinca junto?
Essas coisas são importantes – especificamente para crianças mais
novas – mas 3 perguntas não podem resumir a qualidade ou a importância
de um relacionamento pai-filho.
Novas pesquisas apresentam uma visão significativamente mais
complexa da paternidade participativa e seus benefícios ao longo da vida
dos homens e seus filhos.
O modelo que melhor explica como os pais participativos podem se
beneficiar de um envolvimento positivo e consistente com seus filhos é
conhecido como o “3 C`s da Paternidade”.
Este plano de três pontos apoiado pela pesquisa para
relacionamentos de longo prazo e sucesso pessoal sugere que os
investimentos emocionais do pai em seus filhos sempre compensam.
O primeiro C dos “3 C`s da Paternidade” representa o Clima Afetivo
Este é o sentimento de amor e constância de um pai estar ali.
Assim, uma criança sente: “Meu pai me protege. Ele realmente se importa
comigo. Eu poderia ligar para ele a qualquer momento e ele viria. Posso
estar do outro lado do mundo que ele estará pensando em mim.”
Esse clima afetivo é o fundamento mais crucial
de uma relação pai-filho. Estar seguro no amor de um pai é a base para
uma identidade positiva e a coragem de explorar e aprender coisas novas.
E desenvolver essas facetas do relacionamento pai-filho não é bom
apenas para as crianças – é também uma parte vital do desenvolvimento
humano masculino adulto.
Estudos demonstraram que a paternidade participativa melhora as
habilidades cognitivas, a saúde e a capacidade de empatia de um homem.
Ele constrói sua confiança e auto-estima enquanto melhora a regulação e
expressão emocional.
Pais envolvidos costumam dizer que aprenderam a controlar melhor
sua raiva ou a não expressar emoções negativas, como o medo, com tanta
facilidade.
Muitas vezes também reconheceram a necessidade de expressar
emoções ternas que os homens, estereotipicamente, consideram
desafiadoras.
Mais uma vez, seu desenvolvimento emocional como pais é
transferido para outros contextos. É bom para seus casamentos e suas
amizades.
O segundo C dos “3 C`s da Paternidade” se refere ao Comportamento
O pai vai às reuniões escolares dos filhos, participa nos
trabalhos de casa, passeia e brinca com eles. Esses são sinais
importantes de um relacionamento pai-filho envolvido.
Quando um pai está positivamente engajado dessa maneira, seus
filhos tendem a ter melhor desempenho escolar, relacionamentos mais
suaves com os colegas, menos uso de drogas, atraso na iniciação sexual e
menos problemas com a lei e as autoridades.
Os benefícios desse tipo de engajamento não são apenas de longo
prazo para os homens. A paternidade dá aos homens permissão para
brincar, possivelmente pela primeira vez em décadas.
Se um homem sem filhos gosta de blocos de montar ou livros para
colorir, ele pode ser considerado imaturo, mas fazer essas coisas com
crianças o torna um cuidador sensível.
Uma relação próxima entre pai e filho dá aos pais oportunidades
de reviver a infância, reintegrar memórias e dar sentido às relações com
seus próprios pais.
Quando eles estão no chão brincando com as crianças, não estão
apenas exercendo uma paternidade mais ativa – eles também estão
envolvidos em um desenvolvimento psicológico profundo para si mesmos.
Finalmente o terceiro C dos “3 C`s da Paternidade” significa Conexão
Trata-se da sincronia de um pai com – e sensibilidade para – seus filhos, permitindo que o pai faça uso de momentos de ensino.
Um pai que domina a conexão é bom em ler o humor de seu filho. Se
ele acha que seu filho precisa mais dele, ele dará mais. Se ele achar
que está sobrecarregando a criança, ele recuará.
É o que Edward Tronick, o psicólogo do desenvolvimento americano, descreveu como a “dança da paternidade”, onde aprendemos sobre a troca de turnos e a sintonia com os outros.
Sintonizar muda os homens. Um relacionamento próximo entre pai e
filho significa que um pai normalmente será mais empático com a
perspectiva dos filhos, uma habilidade que ele pode aplicar em outros
lugares, como no trabalho, entendendo melhor as diversas perspectivas
dos colegas.
Um relacionamento próximo entre pai e filho desenvolve as
capacidades do pai para avaliar, planejar e tomar decisões – tudo parte
da função executiva.
Os pais fazem isso todos os dias. Entra em jogo, por exemplo, se
eles estão em casa por apenas algumas horas antes de as crianças irem
para a cama, mas planejam usar bem esse tempo, em um passeio ou ajudando
com a lição de casa ou indo a um jogo de futebol.
Esse uso da função executiva para fazer malabarismos com recursos
efetivamente se transfere para outras partes da vida de um homem.
Um pai envolvido criará ou implantará relacionamentos interpessoais e recursos contextuais para apoiar sua paternidade.
Não é incomum para um pai que não estava envolvido em sua
comunidade de repente se juntar a uma associação de bairro ou se
interessar por algum projeto social.
Ele quer que seus filhos estejam seguros e agora persegue seus objetivos por meio de comportamentos pró-sociais.
Curiosamente, esses comportamentos pró-sociais às vezes se estendem a si mesmo.
Pais envolvidos param de fumar. Eles fazem dieta. Eles vão ao
médico. Às vezes, eles se decidem melhorar esses comportamentos, apesar
de históricos muito ruins em relação à sua própria saúde. Mais uma vez,
eles querem que seus filhos estejam seguros e estão garantindo essa
segurança cuidando de si mesmos.
Nada disso acontece da noite para o dia. Um homem não desenvolve
magicamente essas habilidades ou ganha um assento no conselho do
condomínio por causa da paternidade.
Ele obtém ganhos de desenvolvimento gradualmente ao construir com
sucesso o relacionamento pai-filho por meio de uma série de transições à
medida que seu filho cresce, sua família enfrenta crises ou mortes e
sua própria situação econômica ou emocional muda.
Pais participativos evoluem durante as crises e transições
Quanto mais um pai conecta sua paternidade às mudanças de vida, mais “pai” ele se torna.
Sempre há acontecimentos e situações que dificultam o
envolvimento positivo dos pais com os filhos; o benefício crítico da
paternidade participativa é que ela coloca os pais em uma posição para
lidar com o acaso enquanto permanecem focados na paternidade.
Isso é bom não apenas para os homens, que têm a autoconfiança
derivada de uma forte identidade e estrutura familiar, mas também para
seus filhos, que sabem que o pai os apoia.
As relações pai-filho não são, em suma, apenas sobre as crianças.
A paternidade tem um papel central a desempenhar no desenvolvimento
adulto masculino.
É por isso que a afeição física e o tempo gasto com os filhos não
podem descrever adequadamente o sucesso de um relacionamento pai-filho
ao longo do tempo.
Esses relacionamentos são bem-sucedidos quando levam à mudança –
quando pais cada vez mais informados, entusiasmados e habilidosos
aprendem a criar jovens seguros e cada vez mais independentes.
Texto de Dr. Rob Palkovitz – Tradução e adaptação livre Redação Papo de Pai