Falta de informação e de diagnóstico despontam como obstáculos para combater a doença
Apesar
de ser uma doença prevenível, o tromboembolismo venoso, afetou uma
média de 21.041 brasileiros por ano no Sudeste entre 2012 e 2022 e
muitos foram hospitalizados em decorrência da doença,
segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
(SBAVC). A enfermidade pode acarretar diversas complicações e até levar à
morte se não tratada adequadamente.
“A trombose venosa profunda pode levar a
uma série de condições médicas potencialmente fatais, incluindo embolia
pulmonar, se os pacientes não tiverem o cuidado apropriado”, afirma o
cirurgião vascular e endovascular Eduardo Ramacciotti,
professor da Loyola University Chicago (EUA) e chefe do departamento de
Medicina Cardiovascular do Hospital e Maternidade Dr. Cristóvão da Gama,
do Grupo DASA.
A trombose venosa profunda, uma condição
caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) nas veias, é
uma enfermidade silenciosa, então nem sempre apresenta sintomas. Em
alguns casos, os sinais são dor nos membros inferiores,
inchaço e aumento da temperatura nas pernas.
Por esse motivo, a avaliação médica é
essencial para checar a predisposição à trombose ou seu desenvolvimento,
a fim de determinar medidas profiláticas para prevenção ou a melhor
abordagem terapêutica para combater a doença. O diagnóstico
preciso e o tratamento eficaz são fundamentais para evitar a sua
progressão.
Outro aspecto importante é a
conscientização sobre a doença para identificar fatores de risco e
sintomas, aumentando as chances de sucesso nos tratamentos preventivos e
terapêuticos.
Fatores de risco e tratamento adequado
Predisposição genética, idade avançada,
câncer, hospitalizações prolongadas, obesidade, uso de contraceptivos,
consumo de álcool, tabagismo e falta de movimentação são alguns dos
principais fatores de risco.
Por isso, o primeiro passo para reduzir as chances de desenvolver a doença é adotar estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, hidratação adequada, prática de atividades físicas e visitas regulares ao médico.
Não ficar muito tempo sentado ou parado em
pé e usar meias de compressão também podem ajudar a diminuir a
ocorrência de trombos nos membros inferiores.
“O tratamento da trombose venosa garante
mais qualidade de vida aos pacientes. Por exemplo, o uso de
biomedicamentos (como a enoxaparina) para prevenção e tratamento da
doença tem se mostrado muito eficiente e seguro, com perspectivas muito
positivas tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde”,
explica Ramacciotti.
Por isso, se o paciente vai fazer
cirurgia, tem histórico de trombose, um simples escore de risco (escore
de Caprini) pode indicar quais pacientes vão se beneficiar do uso de
anticoagulantes para evitar ou eliminar trombos.
A prevenção ou o controle efetivo da
trombose venosa profunda ainda contribui para a redução de custos com
complicações, menos hospitalização e maior giro de leitos para atender
pessoas com outras doenças graves ou que passam por cirurgias. “O
uso inteligente e racional dos recursos ajuda a manter o equilíbrio
financeiro e possibilita investir mais em novas tecnologias no âmbito
assistencial”, finaliza o especialista.
Referências
1. Trombose venosa é responsável por 113 internações diárias no Brasil, revela SBACV – Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular