Os preços do café subiram 5,5% na bolsa de Nova York, atingindo US$ 3,44 por libra-peso na terça-feira, o maior valor desde 1977, quando a chamada “Geada Negra” devastou os cafezais brasileiros.
No decorrer do ano, o valor dos dois tipos de café comercializados no mercado de commodities, o Arábica e o Robusta, registraram altas de quase 70% e mais de 60%, respectivamente, consolidando o grão como uma das commodities mais valorizadas de 2024.
Os consumidores já podem sentir no bolso o aumento nos preços de mercado, visto que a Nestlé, maior produtora de café do mundo, anunciou há duas semanas que continuaria elevando o valor de seu produto.
Crise climática
A alta histórica nos preços foi impulsionada
por estimativas de que as colheitas de café diminuam devido aos efeitos
do clima extremo e das secas intensas nas plantações dos principais
países produtores do grão, como o Brasil e o Vietnã.
A seca prolongada no Brasil, maior produtor mundial do grão arábica, reduziu drasticamente as estimativas de safra. Segundo a trader Volcafe Ltd., a produção brasileira de café Arábica deve alcançar apenas 34,4 milhões de sacas em 2024, 11 milhões a menos do que o previsto em setembro.
A situação é agravada pela crise climática no Vietnã, principal produtor de café Robusta, onde uma combinação de seca e chuvas intensas prejudicou a colheita.
A escassez global estimada para a temporada 2025-2026 é de 8,5 milhões de sacas, marcando o quinto ano seguido de déficit — algo inédito.
Especialistas apontam que o desequilíbrio entre oferta e demanda do café continuará sendo influenciado pelas mudanças climáticas, que afetam os principais países produtores (além de Brasil e Vietnã, também entram no rol Colômbia e Indonésia). Enquanto isso, o consumo global de café, impulsionado pelo aumento da comercialização do produto na China, segue em ascensão, agravando ainda mais o desequilíbrio.
FONTE: VEJA