O recente desdobramento militar dos Estados Unidos na
região é gigantesco: o maior desde a invasão do Panamá
Foto: Cortesía
20/08/2025 | 4 min de leitura
Embora já tenham se passado mais de três décadas desde
aquela operação — que terminou com a queda e captura do ditador Manuel Antonio
Noriega — Washington tem utilizado as forças do Comando Sul para manter
presença na região, colaborar no combate ao narcotráfico e atender a desastres
naturais. No entanto, a escala desta nova mobilização é, sem dúvida, de outro
nível.
Neste fim de semana, o Pentágono confirmou o envio à região do Grupo Anfíbio de Desdobramento Imediato (Iwo Jima Amphibious Ready Group), integrado pelo USS Iwo Jima é um navio de assalto anfíbio de grande porte, capaz de transportar helicópteros, aviões de decolagem curta e veículos blindados, além de centenas de fuzileiros preparados para operações rápidas.
Já o USS San Antonio é um navio projetado para
desembarcar tropas e equipamentos por meio de lanchas e aeronaves, enquanto
o USS Fort Lauderdale fornece capacidades adicionais de transporte e
apoio logístico.
O submarino nuclear, enviado à região há duas semanas, é
uma embarcação silenciosa e de longo alcance, capaz de lançar mísseis e
executar missões de inteligência e dissuasão. Sua atuação geralmente é
complementada pelos P-8 Poseidón, aeronaves de patrulha marítima usadas
para reconhecimento, vigilância e guerra antissubmarina.
A esse aparato somaram-se ainda um destróier da Marinha —
navio de guerra equipado com sistemas de combate Aegis, mísseis guiados e
defesa antiaérea — e pelo menos um cruzador lança-mísseis, com grande
poder ofensivo e capacidade de coordenar operações navais, além de fornecer
defesa aérea à frota.
Por ora, o Pentágono descreveu o movimento como uma
demonstração de força, mais do que um plano imediato de ação contra os cartéis,
mas deixou claro que pretende oferecer “opções” ao presidente Donald Trump caso
ele decida agir.
Vários altos funcionários, incluindo o secretário de
Estado, Marco Rubio, afirmaram com ênfase que os Estados Unidos estão
determinados a confrontar a ameaça representada pelos cartéis do narcotráfico e
pretendem utilizar todos os recursos necessários.
Segundo Rubio, esse foi um dos motivos para a recente
designação dos cartéis como organizações terroristas, incluindo os
baseados no México e outros grupos criminosos como o Tren de Aragua e
as Mara Salvatrucha.
Na semana passada, os EUA reforçaram essa postura ao
aumentar para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à
captura de Nicolás Maduro, acusado de chefiar o chamado Cartel de los
Soles.
Embora ainda não esteja claro quais são as intenções
finais deste desdobramento militar, a presença do MEU e de seus recursos — com
capacidade de combate aéreo e de assalto terrestre — representa, sem dúvida, um
poderoso recado que eleva a tensão no Caribe.
Esse movimento soma-se a outras ações recentes do
Pentágono na região. Em março, navios de guerra já haviam sido enviados à
fronteira com o México como parte da missão de segurança do Comando Norte.
Agora, os novos ativos estarão sob responsabilidade do Comando Sul, pelo
menos nos próximos meses.
Um memorando assinado no início do ano pelo secretário de
Defesa, Pete Hegseth, estabeleceu que a prioridade das Forças Armadas é “defender
a pátria” e garantir o acesso estratégico dos EUA a infraestruturas
críticas como o Canal do Panamá, além de conter o narcotráfico, a migração
ilegal e outras ameaças transnacionais.
Não há dúvidas de que se trata de uma escalada sem muitos precedentes desde a invasão do Panamá, que mobilizou cerca de 27.000 soldados norte-americanos.
SERGIO GÓMEZ MASERI
Corresponsal de EL TIEMPO/Colômbia