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10/11/2025 | 4 min para saebr
Existe uma crença comum entre médicos e pacientes de que
o consumo de café é prejudicial para pessoas com fibrilação atrial
— um tipo de arritmia cardíaca que acelera os batimentos do
coração, fazendo com que o órgão bata em ritmo irregular e podendo causar até
AVC (Acidente Vascular Cerebral). Porém, cientistas descobriram que o efeito,
na verdade, pode ser benéfico.
Pesquisa com 200 adultos
Pesquisadores da Universidade de Adelaide e da
Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), realizaram um ensaio
clínico randomizado com 200 adultos dos EUA, Austrália e Canadá. Todos eles
tinham fibrilação atrial (FA). Então, foi feito um teste sobre o impacto do
café em pacientes com esse tipo de arritmia.
Durante seis meses, metade dessas pessoas tomou no mínimo
uma xícara de café ou expresso por dia. Já os demais participantes não
consumiram nenhum tipo de café ou outra fonte de cafeína. Assim, os
pesquisadores monitoraram todos e, quando houve suspeita de crises de arritmia,
exames de eletrocardiograma e avaliações médicas confirmaram os casos.
Resultados
A pesquisa, intitulada “Does Eliminating Coffee Avoid
Fibrillation?” (“Eliminar o Café Evita a Fibrilação?”), foi publicada no The
Journal of the American Medical Association e trouxe resultados
surpreendentes. O Professor Christopher X. Wong, da Universidade de Adelaide e
do Royal Adelaide Hospital, primeiro autor do estudo, segundo o portal New Atlas, afirmou que “ao contrário do que se
pensava, descobrimos que os consumidores de café apresentaram uma redução
significativa na fibrilação atrial em comparação com aqueles que evitavam café
e cafeína.”
“Os médicos sempre recomendaram que pacientes com
fibrilação atrial problemática minimizassem o consumo de café, mas este estudo
sugere que o café não só é seguro, como provavelmente tem um efeito protetor”,
completou o professor.
Os pesquisadores também chegaram à conclusão de que a
cafeína apresentou um risco 39% menor de eventos relacionados a fibrilação
atrial em comparação com quem não consumiu café.
Segundo o professor Gregory Marcus, autor sênior da
pesquisa, “o café aumenta a atividade física, que comprovadamente reduz a
fibrilação atrial”. Outro ponto destacado por ele é que “a cafeína também é
diurética, o que pode potencialmente reduzir a pressão arterial e,
consequentemente, diminuir o risco de fibrilação atrial. Vários outros
ingredientes do café também possuem propriedades anti-inflamatórias que podem
ter efeitos positivos”.
Pesquisa pode fazer com que o papel do café na arritmia
cardíaca seja revisto
Conforme aponta a pesquisa, o café, ao menos, não causa
prejuízos a pessoas que sofrem de fibrilação atrial. Além disso, ele pode
trazer alguns benefícios para esses pacientes.
“Com base nesses resultados, pacientes com fibrilação atrial que consomem café
podem continuar a apreciá-lo com segurança”, afirmou Wong. “Além disso, pode
valer a pena investigar se pacientes com fibrilação atrial que não bebem café
deveriam considerar começar a consumi-lo”.


