sexta-feira, 3 de abril de 2020

VOLTA AO TRABALHO: ACIV, PM, SINDICATO E EMPRESÁRIOS SE REUNIRAM PARA DISCUTIR ABERTURA DO COMÉRCIO







Na manhã desta quinta-feira (02), os diretores da ACIV, Anderson de Souza Martins (presidente), João Maiolini (vice-presidente), Elisete Ribeiro (diretora de marketing, comunicação e social) e Edilson Rabelo Faria (2º secretário), receberam os representantes do Sindicato dos Empregados no Comércio de Varginha e Região – Sindcomerciários, Cibele Oliveira (presidente) e Dr. Joel Vieira (advogado), além de 12 empresários de diversos setores. Participaram também a Dra. Ana Carolina Petit, da Limborço & Gomes Advogados, assessoria jurídica da entidade e os representantes da Polícia Militar, Capitã Bianca, Comandante do 24º Batalhão e Tenente Torga, responsável pelo patrulhamento da área central.


Anderson falou das ações que estão sendo realizadas pela entidade a favor do comércio, inclusive do ofício enviado à prefeitura sugerindo a abertura do comércio, seguindo regras específicas para evitar a proliferação do vírus.
“A ACIV se posiciona a favor do comércio, mas quem tem o poder de abrir ou não abrir é o prefeito, que tem um olhar mais geral sobre a administração, não podemos agir dentro da ilegalidade, podemos pressionar, pedir e sugerir e essa reunião de hoje é para isso, levar ao poder público a situação de empresários e empregados do comércio, mas não é uma situação fácil”, disse Anderson.
O que dizem os comerciantes
Os 12 empresários que participaram da reunião tiveram suas reivindicações, dúvidas e críticas ouvidas, para posteriormente serem encaminhadas aos setores responsáveis.
Daniel Lima, da Papelaria Dois Irmãos, disse que o comerciante está sendo engolido pelos grandes supermercados. “É uma concorrência desleal, pois eles vendem de tudo”. O empresário questiona ainda se é possível impor que eles vendam apenas produtos relacionados ao seu setor. O Advogado do SINDCOMERCIÁRIOS, Dr. Joel Vieira, disse que levantará a questão e responderá sobre o assunto o mais breve possível.
A empresária Tereza Zambotti, apontou sua preocupação e o fato das pessoas precisarem trabalhar. “Nesse momento cada um tem que fazer a sua parte e cuidar dos seus familiares mais velhos, as pessoas estão precisando trabalhar. Precisaremos ter disciplina e o comércio precisa reabrir”, disse.
Moacyr Vallim, da Imobiliária Vallim, destacou que o problema é ainda mais complexo. “Estamos vendo que nas regiões mais carentes da cidade, como Cruzeiro do Sul, Novo Tempo e Carvalhos, a violência está aflorada, as pessoas estão aglomeradas nas esquinas e as vezes o único momento de qualidade de vida para essas pessoas é durante o trabalho, onde há ordem e disciplina. O comércio deve voltar a funcionar de forma organizada, ocupando as pessoas e poupando a questão psicológica”, destacou o empresário.
Fernanda David, da Havaianas, questionou o comportamento das pessoas, que continuam se aglomerando em supermercados, ruas, praças e alto da CEMIG. “Esse vírus por acaso só pega no comércio? Porque os supermercados estão lotados e ninguém fala nada”, questionou.
Durante a reunião foi abordado também sobre vendas delivery, o comerciante Marcelo Ribeiro, da Lanchonete Recreio destacou que não é tão simples quanto parece. “No meu caso não é tão simples assim, é preciso embalagem apropriada para transporte do produto além do custo do transporte, se meu produto custa R$4,00 e o motoboy custa R$5,00, quem vai querer pagar R$9,00 em uma coxinha, por exemplo”, disse. Ele destaca ainda que a quarentena está solucionando um problema e causando outro, que é o impacto social que será causado pelo desemprego.
Júlio Castilho, do estacionamento Castilho, falou sobre suas preocupações. “Crédito em banco todos aqui conseguem, mas como vamos pagar depois? E os funcionários que precisam sustentar as suas famílias? Vamos ter um caos social, por fome e por desemprego, como a população será contida? A PM vai ter efetivo para isso?”, destacou.
Thais Ribeiro, do Rei das Meias, empresa com aproximadamente 40 funcionários fala sobre a preocupação dos empresários. “Os comerciantes estão sem reserva de capital, nós temos abertura para renegociar um aluguel, fornecedores, mas a nossa principal preocupação é com os funcionários, não tem como negociar pagamento de salário”, informou.
Carlos Jardim, da AVET Clínica Veterinária, destacou que mesmo podendo manter a sua empresa aberta, está com faturamento reduzido. “Estamos trabalhando com 30% do faturamento, apesar dos meus problemas de saúde, tive que ir pra linha de frente com meus funcionários, reduzi o turno da noite, estou com dois funcionários de férias e vou colocar mais dois. Se continuar os empresários vão falir, da falência vem a fome e com a fome as pessoas perdem a razão. Queremos a manutenção dos empregos, queremos trabalhar com normas, controle e segurança, seguindo regras”, disse Carlos.
O que dizem os médicos
O presidente da Associação Médica, Dr. Adrian Nogueira, participou da reunião através de vídeo conferência e disse que o grupo na qual ele representa está seguindo a orientação da Organização Mundial de Saúde – OMS.
“O comércio de Varginha está de parabéns, vocês estão fazendo a parte de vocês. Entendo o prejuízo que vocês estão tendo, assim como eu pois não estou tendo pacientes, mas reabrir o comércio agora pode trazer pessoas de outras cidades que podem estar infectadas, assim como foi o caso de Boa Esperança”, destacou o médico.
Dr. Adrian destacou ainda que o decreto termina neste sábado, dia 4 e caso o comércio abra, é preciso fazer de maneira organizada e usando o bom senso.
Sindicato dos Empregados
A presidente do SINDCOMERCIÁRIOS, Cibele Oliveira disse que não é contra a reabertura do comércio, desde que tenha os cuidados apropriados. “Não somos contra a reabertura do comércio, tanto que assinamos um ofício junto com a ACIV na semana passada sugerindo isso, a minha preocupação é: temos como dar proteção e segurança aos trabalhadores, teremos equipamento para isso?”, questionou Cibele.
Dever de fiscalização
A Capitã Bianca, comandante do 24º Batalhão da PM foi questionada sobre a questão de fiscalização do comércio. A Militar informou que o dever é do setor de fiscalização da prefeitura, e que a Polícia Militar e Guarda Civil Municipal estão apoiando. “A PM está garantindo poder de polícia da prefeitura e estamos orientando aqueles que estão abertos de forma irregular”, disse. A comandante lembrou ainda que caso o comércio reabra, é importante que tenha um esclarecimento sobre o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
O presidente da ACIV encerrou a reunião informando que está de portas abertas para ouvir a todos, sendo ele associado ou não, mas destacou a importância de união neste momento. “O momento é de união, entretanto sabemos que o prolongamento do fechamento do comércio pode trazer mais malefícios do que o próprio vírus. Nós defendemos a vida e o comércio traz a vida, visto que é um instrumento de paz social, que leva dignidade às famílias. O que os comerciantes querem é poder abrir suas empresas, seguindo as regras que forem estipuladas e trabalhar”, finalizou.
FONTE: ASSIM/ACIV