Atestado de pena aponta previsão de alcance ao benefício em 6 de novembro;
advogado contesta e diz que detento já tem direto devido às remições por tempo
trabalhado.
O goleiro Bruno Fernandes pode obter a
progressão de pena para o semiaberto domiciliar e voltar a dormir em casa a
qualquer momento. Apesar do atestado de pena apontar para o dia 6 de novembro,
o advogado do jogador diz que mais de 150 dias de trabalho e estudos precisam
entrar no cálculo, diminuindo o tempo necessário para obtenção do benefício.
"Contando os dias remidos, pelos
cálculos nossos, ele já teria direito no final de agosto, início de setembro.
Já está ultrapassado já", afirma o advogado Fábio Gama.
Bruno foi preso em 2010 e depois
condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e por
sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele também havia sido condenado
por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu
que o crime prescreveu.
As penas somadas chegaram a 20 anos e 9
meses de prisão. Ao todo, o goleiro, que teve
a pena aumentada por ser mandante, mas diminuída na mesma proporção por ser réu
confesso, precisa cumprir 7 anos, 6 meses e 15 de pena para ter direito ao
benefício do semiaberto - esse número vem sendo diminuído devido às remições
por tempo trabalhado e estudo.
Bruno já cumpriu
pouco mais de 8 anos da pena, mas uma falta grave cometida em 2013
faz com que não seja computado o tempo total em que esteve preso. Com isso,
apenas o período após 02 de abril daquele ano é contado para a obtenção da
progressão de pena para o semiaberto, resultado na previsão de alcance em 6 de
novembro de 2018.
Bruno voltou à prisão após habeas corpus ser negado — Foto: Reprodução/EPTV
Prisão e rotina em
Varginha
Em 2017, o goleiro chegou a ser solto
por uma liminar e voltou a jogar futebol, atuando no Boa Esporte, mas depois teve
a medida revogada e o habeas corpus negado. Em 27 de abril de 2017, Bruno se
apresentou à polícia em Varginha, onde foi preso e levado para o presídio da
cidade. Logo que voltou à prisão, ele chegou a ser transferido para Três
Pontas, mas retornou quase imediatamente para Varginha por designação da
Justiça.
Durante o período em que esteve no
presídio, sua quarta filha, fruto do
relacionamento com a dentista Ingrid Calheiros, nasceu na cidade.
Bruno a conheceu dois dias depois no Núcleo de Capacitação para Paz (Nucap),
onde fazia trabalho externo.
Em junho de 2018, ele foi transferido para a
Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) da
cidade, após decisão da da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais.
"A Apac está em obra. Ela está em
uma obra rotineira, do dia a dia, de construção mesmo. Já existe algumas partes
prontas, como a cozinha. E a construção da obra principal, que é o dormitório,
onde vai agasalhar mais de 60 presos. O Bruno faz parte dessa obra, de igual
forma aos demais", diz Gama.
Apac segue em construção em Varginha — Foto: Divulgação Apac |
Na associação, Bruno também tem jogado
futebol e tentado se manter em forma. Segundo o advogado, ele pretende retomar
mais uma vez a carreira tão logo consiga a progressão de pena - o goleiro ainda
tem um contrato suspenso com o Boa Esporte, que atualmente disputa a Série B do
Campeonato Brasileiro.
"Nós temos alguma atividades
físicas que são realizadas lá. Do lado tem um campo, que foi cedido para a
Apac, e às vezes, durante o dia, eles fazem algumas atividades esportivas,
jogam bola. Aos sábados, por exemplo, eles fazem amistosos de futebol",
explica Gama.
Bruno quer retomar a carreira quando deixar a prisão — Foto: Régis Melo
Conclusão da pena
Além de trazer a previsão de alcance do
regime semiaberto, o atestado mostra que o goleiro poderia obter o livramento
condicional em 22 de junho de 2023 - para isso, o goleiro precisa cumprir 1/3
da pena por sequestro e 2/3 da pena por homicídio.
A conclusão total da pena está prevista
para 02 de junho de 2031.
Dê: G1