Saiba o que fazer se receber esse tipo de material
O Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento ( Mapa) reforçou nesta terça-feira (6) o
cuidado com pacotes de sementes vindos de países asiáticos que têm chegado
aleatoriamente pelos Correios para brasileiros. Em entrevista coletiva à
imprensa o secretário de Defesa Agropecuária da pasta, José Guilherme Leal,
disse que das 27 unidades da federação, apenas no Maranhão e Amazonas não
houve entrega desse tipo de material às autoridades sanitárias.
Orientações
A orientação às
pessoas que receberem esse tipo de material é não abrir os pacotes e entrar em
contato com a Superintendência Federal de Agricultura do estado ou o órgão
estadual de defesa agropecuária para providenciar a entrega ou recolhimento do
material. No caso de sementes que já tenham sido plantadas, o procedimento é o
mesmo.
Para facilitar a
investigação a embalagem original, embora possa ter informações falsas sobre a
origem, deve ser preservada. Não há nenhum tipo de punição a quem entregar esse
tipo de material às autoridades, pelo contrário, segundo Leal, essa é uma
grande contribuição que a população pode dar.
A importação de
material de propagação vegetal, incluindo sementes e mudas, é controlada pelo
Mapa e deve atender a requisitos de fitossanidade, qualidade e identidade. As
regras estabelecidas pelo Mapa se aplicam para qualquer modalidade de compra e
aquisição, incluído a compra eletrônica com entrega via remessa postal. Na
avaliação do Ministério da Agricultura, em muitos casos, esses produtos entram
no país, em pequenas quantidades, porque quem compra quer colocar determinada
planta em casa ou no jardim e não sabe que adquirir esse material dessa forma é
proibido e pode trazer sérios riscos.
Análises
Até agora 258
pacotes com sementes foram encaminhadas ao Mapa para análise e encaminhadas ao
Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia para as análises técnicas
. As conclusões podem sair em 30 dias, mas em alguns casos podem levar um pouco
mais de tempo. Análises preliminares em 39 amostras já identificaram nesse
material a presença de um ácaro vivo, fungos de três tipos diferentes em 25
amostras e em outras duas, presença de bactérias, que ainda precisam ser
identificados. Os técnicos também detectaram quatro plantas quarentenárias, ou
seja, que não existem no Brasil.
Brushing scam
Segundo as
autoridades brasileiras, o caso é inédito no mundo e chamou atenção pelo fato
dos pacotes terem sido enviados sem que tivessem sido solicitados. Não há
elementos para afirmar que foi ação intencional para introduzir organismo
patogênico no Brasil, apesar disso o risco para agricultura existe, segundo o
secretário de Defesa Agropecuária.
Por enquanto, no
Brasil, apenas o Mapa investiga a situação e não há polícia envolvida na
apuração dos fatos. O Ministério está em contato com os órgão de defesa
agropecuária de outros países onde também chegou material semelhante para
tentar identificar de onde partiram as remessas. Até o momento, tudo indica que
as remessas fazem parte uma ação conhecida como brushing scam.
Números
Para impedir a
entrada desse tipo de material, que pode ter alto potencial de disseminar
pragas pelo país, o Brasil tem um Centro de Distribuição em Curitiba (PR) que
concentra e faz a triagem de pacotes de até 3 kg. A unidade recebe, por dia,
cerca de 250 mil pacotes. Os volumes são passados por um scanner para
identificar se há algum tipo de planta ou semente. Para refinar a busca um
cachorro também faz trabalho de rescaldo para impedir o trânsito desses
produtos.
Segundo balanço
divulgado pelo Ministério da Agricultura, 2019 eram apreendidos 2 mil pacotes,
por mês, em Curitiba. Este ano, somente no primeiro semestre, o volume mensal
de caixas e envelopes interceptados chegou a 5 mil, aumento de 150%. Esses
volumes foram apreendidos devolvidos ou incinerados na própria unidade. No
total de 2020 já foram interceptados 37. 700 pacotes, destruídos 26.111 e 2.383
mil devolvidos.