Remédio
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03/06/2025 | 8 min de leitura
Uma pesquisa recente publicada na revista Neurology trouxe à tona preocupações
significativas sobre o uso prolongado de medicamentos populares para problemas
estomacais. Os Inibidores de Bomba de Prótons (IBP), como omeprazol e
pantoprazol, foram associados a um aumento no risco de desenvolvimento de
demência. Este estudo acompanhou milhares de pacientes ao longo de vários anos,
revelando uma correlação alarmante entre o uso contínuo desses medicamentos e
doenças degenerativas cerebrais.
Os IBPs são amplamente utilizados no tratamento de condições
digestivas, como refluxo e gastrite. No entanto, a pesquisa sugere que seu uso
prolongado pode ter consequências adversas significativas para a saúde
cerebral. Este achado adiciona uma nova camada de preocupação sobre os efeitos
colaterais desses medicamentos, que já eram associados a outros problemas de
saúde.
Quais medicamentos estão em alerta?
No Brasil, os Inibidores de Bomba de Prótons são vendidos
sob nomes comerciais como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol. Esses
medicamentos funcionam reduzindo a produção de ácido estomacal, sendo indicados
para uma variedade de condições digestivas, desde refluxo até úlceras. Apesar
de sua eficácia, o uso prolongado desses medicamentos pode trazer riscos
significativos à saúde.
De acordo com a Universidade Federal da Paraíba, o mecanismo
de ação dos IBPs pode resultar em efeitos colaterais quando usados por longos
períodos. A pesquisa destaca a necessidade de uma avaliação cuidadosa do uso
contínuo desses medicamentos, especialmente em pacientes que os utilizam por
anos.
Veja a lista:
- Inibidores
de Bomba de Prótons (IBP): Medicamentos como omeprazol,
pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol e dexlansoprazol,
amplamente usados para tratar refluxo, gastrite e úlceras. A pesquisa
sugere que o uso prolongado desses medicamentos (por 4,4 anos ou mais)
pode aumentar em 33% o risco de desenvolver demência. É importante
ressaltar que a pesquisa encontrou uma associação e não uma causalidade
direta, e mais estudos são necessários para entender a razão dessa
correlação.
- Benzodiazepínicos:
São os famosos “medicamentos de tarja preta”, como diazepam,
clonazepam e bromazepam. A literatura científica aponta que o uso
crônico desses medicamentos pode aumentar em até 30% o risco de
desenvolver a Doença de Alzheimer.
- Medicamentos
anticolinérgicos: Essa classe de medicamentos atua bloqueando a
acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória e aprendizado.
Alguns exemplos de medicamentos anticolinérgicos comuns que já foram
associados a um risco maior de demência em estudos incluem:
- Anti-histamínicos:
Difenidramina (presente em medicamentos como Benadryl, Advil PM, Tylenol
PM), clorfeniramina, doxilamina.
- Antidepressivos
tricíclicos: Doxepina, nortriptilina, amitriptilina.
- Medicamentos
para síndrome do intestino irritável: Hiosciamina, diciclomina.
- Medicamentos
para bexiga hiperativa: Darifenacina ER, oxibutinina, tolterodina,
tróspium, solifenacina, fesoterodina.
Como foi realizado o estudo?
A pesquisa que revelou essa associação preocupante foi
conduzida com 5,7 mil pacientes ao longo de quatro anos e meio. Os resultados
indicaram que o uso contínuo de IBPs por quatro anos aumentou em 33% o risco de
desenvolver demência. Kamakshi Lakshminarayan, professora da Universidade de
Minnesota, destacou a necessidade de mais estudos para confirmar esses achados
e entender melhor as razões por trás dessa correlação.
É importante notar que o estudo não encontrou um risco
aumentado para aqueles que usaram os medicamentos por períodos mais curtos.
Isso sugere que a duração do uso pode ser um fator crítico na determinação do
risco associado a esses medicamentos.
Como proceder caso use esses medicamentos?
Especialistas alertam que os pacientes não devem interromper abruptamente o uso de IBPs sem orientação médica. A professora Lakshminarayan enfatiza que existem várias alternativas para o tratamento do ácido estomacal, mas cada caso deve ser avaliado individualmente. Alternativas incluem o uso de antiácidos, mudanças na dieta e ajustes nos horários das refeições.
O mais importante é que os pacientes conversem com seus
médicos para encontrar a melhor opção de tratamento para suas necessidades
específicas. A avaliação médica é essencial para garantir que o tratamento seja
seguro e eficaz, minimizando riscos potenciais à saúde.
O estudo destacou a necessidade de mais pesquisas para explorar a relação entre o uso prolongado de IBPs e o risco de demência. Compreender os mecanismos subjacentes a essa associação pode ajudar a desenvolver estratégias para mitigar os riscos e orientar o uso seguro desses medicamentos no futuro.
Enquanto isso, é crucial que pacientes e profissionais de
saúde estejam cientes dos potenciais riscos associados ao uso prolongado de
IBPs e considerem alternativas quando apropriado. A comunicação aberta entre
pacientes e médicos é fundamental para garantir que o tratamento seja adaptado
às necessidades individuais, promovendo a saúde e o bem-estar a longo prazo.
FONTE: DIÁRIO DO BRASIL