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17 de junho de 2025 - 5 min de leitura
O conflito militar direto entre Israel e Irã, iniciado na
última quinta-feira (12/6) com trocas de bombardeios intensos entre os países,
elevou o medo do início de uma guerra nuclear.
Israel possui um arsenal de bombas atômicas estimado em 90
ogivas e alega que o Irã pode ter produzido pelo menos nove bombas atômicas. Em
meio à instabilidade no Oriente Médio, cresce a dúvida sobre os impactos
bélicos do conflito em outras regiões, caso estourem as bombas.
Escalada da guerra no Oriente Médio
Depois de diversas ameaças, Israel lançou o que chamou de “ataque preventivo”
contra o Irã. O foco das operações iniciais foram instalações nucleares do
país, assim como locais onde estavam líderes militares e cientistas nucleares.
Ao longo da semana, a retórica militar entre os dois países aumentou. Há alguns
dias, o governo iraniano afirmou que atacaria Israel caso seu programa nuclear
fosse atingido.
Armas nucleares geram destruição localizada, mas os efeitos não se limitam ao
raio da explosão. Ondas de choque, radiação e precipitação radioativa atingem
áreas extensas.
Quais são os impactos das bombas modernas?
Imagina-se que as bombas israelenses sejam do tipo W-76, o tipo de ogiva
termonuclear mais comum no arsenal dos Estados Unidos (que doou parte de seu
poder bélico a Israel).
Essas bombas têm um impacto de 100 quilotons, sete vezes
mais poder do que o explosivo lançado em Hiroshima, no Japão, em 1945. Além da
nuvem de fogo, as bombas têm efeito de radiação por um raio de mais de 260
quilômetros do ponto central de impacto.
Apesar dos efeitos devastadores, o Brasil, graças à
distância, sairia ileso do impacto radioativo das bombas — porém, mesmo que
elas não atinjam diretamente a América do Sul, os reflexos podem ser globais.
Especialistas em segurança alertam para os riscos indiretos
do conflito. Interrupções no comércio, instabilidade financeira e colapsos
ambientais estariam entre os principais danos para países fora da zona de
impacto imediato.
Como funcionam as armas nucleares
As bombas nucleares funcionam por fissão nuclear, quando uma explosão consegue
dividir átomos de elementos pesados, como urânio ou plutônio. A reação libera
calor e radiação em grande escala. Esse tipo de explosivo é usado desde os
bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.
O que aconteceria com a detonação das bombas?
Simulações do projeto Nukemap, criado pelo historiador nuclear Alex
Wellerstein, do Stevens Institute of Technology, nos Estados Unidos, mostram
que a explosão de uma W-76 em Teerã, capital do Irã, ou em Tel-Aviv, de Israel,
criaria uma bola de fogo que vaporizaria tudo em um raio de 423 metros.
Em um raio de até 9 km de distância, prédios teriam suas
estruturas abaladas e pessoas sofreriam ferimentos com os estilhaços.
Queimaduras de terceiro grau se espalhariam em um raio de até 4 km, mais do que
toda a Avenida Paulista, em São Paulo. Uma onda de radiação intensa atingiria
até 1 km do epicentro da explosão com força letal.
Se a bomba caísse em Teerã, estima-se que uma detonação
assim causaria mais de 650 mil mortes e mais de 2 milhões de feridos. Se
explodisse em Tel-Aviv, o Nukemap indica que ao menos 109 mil pessoas morreriam
imediatamente e mais de 220 mil ficariam feridos. Isso sem contar os efeitos da
precipitação radioativa (quando nuvens radiotivas dissipam os elementos tóxicos
por quilômetros, a depender dos ventos).
“A radiação é invisível, mas atravessa barreiras físicas,
destruindo DNA e causando tumores. Não é possível medir quantos quilômetros a
onda de radiação pode alcançar, já que ela é composta por raios gama, raios de
luz e partículas subatômicas provenientes do núcleo de urânio, que não podem
ser vistos nem medidos. Quanto mais distante dessa radiação uma pessoa estiver,
menores serão as consequências”, afirmou o físico Francisco Gontijo Guimarães,
professor da USP.