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FOTO: REPRODUÇÃO/NET
Estado de São Paulo confirmou uma morte e dois outros óbitos suspeitos pela doença transmitida pelo carrapato-estrela.
A febre maculosa é uma doença infecciosa, associada a quadros de febre aguda e com gravidade variável. Os pacientes podem apresentar formas leves ou quadros graves, que têm taxa de letalidade elevada. As principais complicações incluem inflamação do cérebro, paralisia, insuficiência respiratória e renal.
O Instituto Adolfo Lutz confirmou uma morte pela doença, da dentista Mariana Giordano. Outros dois óbitos suspeitos para a doença são analisados pelo instituto. O do piloto de automobilismo Douglas Costa, namorado de Mariana, e de uma mulher de 28 anos, de Hortolândia.
As três mortes aconteceram no dia 8 de junho e todos estiveram presentes em um mesmo evento realizado em Campinas, no dia 27 de maio, na Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio, local provável de infecção.
A febre maculosa é causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas pelo carrapato-estrela, nome popular da espécie Amblyomma cajennense. No Brasil, duas espécies dessa bactéria estão associadas a quadros clínicos da febre maculosa: a Rickettsia rickettsii, registrada no Norte do estado do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará).
Letalidade
De 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos de febre maculosa no Brasil, dos quais 7% foram confirmados e 32,8% destes evoluíram para o óbito. Os dados são de boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que aponta uma média de 2.433 casos suspeitos notificados por ano, sendo 2009 e 2019 os anos de menor e maior número de notificações, respectivamente.
A média de casos confirmados por ano foi de 170. O número de casos confirmados variou entre 94, em 2008, e 284, em 2019. Observou-se uma variação entre 20 e 94 óbitos por ano, com letalidade média de 32,8%, considerando a série histórica. O ano com maior letalidade foi 2015 (42%)
A Rickettsia rickettsii leva ao quadro de febre maculosa brasileira (FMB) considerada a doença grave. Já a Rickettsia parkeri é relacionada a quadros mais leves. Nesse contexto, a taxa de letalidade da doença é variável.
No estado de São Paulo, por exemplo, foram registrados 62 casos e 47 mortes pela infecção em 2022, uma taxa de letalidade de quase 75%. No ano anterior, foram notificados 86 casos, com um total de 49 óbitos, o equivalente a uma letalidade de 57,1%.
Diagnóstico tardio
Os principais sintomas da febre maculosa são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés e gangrena nos dedos e orelhas, de acordo com o Ministério da Saúde.
A doença também pode provocar paralisia dos membros, com início nas pernas, chegando até os pulmões, causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
A variada apresentação clínica traz sinais e sintomas inespecíficos que se sobrepõem a muitas outras doenças, como a dengue ou leptospirose, gerando por muitas vezes atraso no diagnóstico, o que pode ser fatal.
O período de incubação da doença dura sete dias, em média, podendo variar de dois a 14 dias. Quando um carrapato infectado pica a pele de uma pessoa, ela permanece
assintomática por cerca de uma semana, em média. Somente após esse período, a doença manifesta os sintomas, muitas vezes de forma abrupta.
O diagnóstico da febre maculosa pode ser realizado a partir de diferentes testes laboratoriais. Em geral, é utilizado um teste chamado de Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria causadora, a partir de coleta de sangue.
O tratamento é feito com antibiótico específico e deve ser iniciado no momento da suspeita. Em determinados casos, pode ser necessária a internação hospitalar. A falta ou demora no tratamento podem agravar o caso, podendo levar ao óbito.
COM: CNN Brasil