26 de maio de 2025 - 4 minutos de leitura
A cassação dos mandatos dos vereadores Dr. Lucas e Dr. Guedes, ambos médicos e reconhecidos como grandes profissionais da saúde e por sua atuação parlamentar em Varginha, já não é mais novidade nos bastidores políticos da cidade. Ambos estão recorrendo da decisão em todas as instâncias possíveis na tentativa de se manterem na vereança.
A decisão judicial se baseia na acusação de fraude à cota de gênero, praticada pelo Partido Renovação Democrática (PRD), legenda pela qual os dois foram eleitos. Segundo a Justiça Eleitoral, uma das candidatas da chapa registrou zero votos, o que foi interpretado como indício de candidatura fictícia — prática que fere diretamente as regras de paridade de gênero previstas na legislação eleitoral.
Com a saída de Guedes, quem assume a cadeira é Miguel da Saúde, servidor público da Secretaria Municipal de Saúde. No lugar de Dr. Lucas, entra Cássio Chiod, o “Bombeiro”, que ficou conhecido por projetos sociais lançados às vésperas das eleições e por uma votação expressiva e repentina — surpresa para muitos analistas, considerando o pouco tempo de residência do candidato em Varginha e o perfil conservador do eleitorado local.
No entanto, a posse de Cássio também está sob questionamento. Ele responde a um processo por possível abuso de poder, acusado de fazer campanha utilizando a farda laranja do Corpo de Bombeiros, o que, segundo a acusação, teria induzido parte do eleitorado ao erro. Caso seja condenado, pode perder o mandato.
Se isso acontecer, o suplente imediato é Carlúcio, que também enfrenta processo judicial por ter espalhado material publicitário de forma irregular durante a campanha — prática comum entre vários candidatos, inclusive alguns eleitos. A acusação envolve poluição visual em massa, com banners e faixas afixados em praticamente todos os espaços públicos disponíveis.
A possível invalidação de toda a chapa do PRD pode desencadear um novo cálculo do quociente eleitoral. Nesse cenário, a composição da Câmara de Varginha pode mudar ainda mais, e até vereadores eleitos como Ana Rios (União Brasil) e Bruno Coletor (PSDB) correm o risco de perder suas vagas, dependendo da nova distribuição dos votos válidos.
A pulga que fica atrás da orelha é inevitável: se alguns suplentes e candidatos já recorreram a artifícios suspeitos durante a disputa eleitoral, o que fariam com o poder nas mãos? Se a lei não é respeitada no momento da conquista do mandato, o que se pode esperar da sua conduta com o cargo efetivamente em mãos? O eleitor observa e, mais do que nunca, questiona.
Com os processos em andamento, o cenário político de Varginha permanece instável e pode sofrer reviravoltas significativas nos próximos meses.