15 de maio de 2025 | 5 min de leitura
Uma investigação sigilosa da Polícia Civil de São Paulo
achou indícios de que uma parte da comissão paga pela casa de apostas Vai de
Bet ao intermediário do acordo de patrocínio com o Corinthians foi direcionada
a uma conta que teria ligação à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital).
O inquérito que investiga o caso realizou um relatório
técnico parcial de análise de dados financeiros e bancários e encontrou
transferências de cerca de R$ 1 milhão entre contas que seriam ligadas ao crime
organizado, utilizadas para limpar o rastro do dinheiro utilizado como comissão
na negociação.
Segundo uma fonte próxima à investigação, esse tipo de
movimento serve para dificultar o rastreio do dinheiro, pois pulveriza e
fraciona todo o montante. Ele mescla uma parte com uma empresa que movimenta um
dinheiro bom, misturando moedas lícitas e ilícitas.
Em um primeiro momento, em março de 2024, a Rede Social
Media, intermediária que não participou da negociação pelo patrocínio, mas
recebeu comissão, repassou R$ 580 mil a uma empresa chamada Neoway Soluções
Integradas, registrada em nome de "laranja".
Posteriormente, a Neoway fez transferências de cerca de R$ 1
milhão para outra empresa, chamada Wave Intermediações, que por sua vez
repassou R$ 874 mil a uma 3ª empresa, a UJ Football Intermediação, do
empresário Ulisses Jorge.
No ano passado, essa empresa foi citada pelo Ministério
Público de São Paulo por possível envolvimento com lavagem de dinheiro do crime
organizado, no caso, do PCC. Ela agencia diversos jogadores de futebol, como
Éder Militão, do Real Madrid.
A UJ foi denunciada pelo empresário Antônio Vinícius
Gritzbach em delação premiada. Em novembro do ano passado, ele foi assassinado
no aeroporto de Guarulhos, no que ficou caracterizado como uma "queima de
arquivo" por parte do crime organizado.
Essa não foi a única operação da Neoway no período posterior
ao recebimento da comissão. A empresa também gastou cerca de R$ 83 mil em 15
títulos de capitalização, na mesma época que recebeu R$ 1 milhão da Rede Social
Media.
A Rede Social Media Design é a empresa que fez a
intermediação do contrato, recebeu R$ 1,4 milhão do clube e repassou R$ 1,042
milhão a uma 3ª empresa, chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços.
Essa empresa chamada Neoway está em nome de Edna dos Santos,
mulher de origem humilde tratada como vítima na operação. Ela vive em condições
de pobreza extrema e foi utilizada como "laranja" no caso e
desconhecia seu envolvimento.
Procurado, o Corinthians se manifestou da seguinte forma:
"O inquérito policial está sob segredo de justiça, portanto não teremos
nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por
qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do
clube".
Relacionado
Ídolo do Corinthians pede demissão em meio a polêmica nas
categorias de base e 'manda recado' a Augusto Melo
3dGazeta Press
A UJ também recebeu contato, mas ainda não retornou. A reportagem será
atualizada caso as partes queiram se manifestar.
A informação do envolvimento da UJ no caso foi antecipada
pelo SBT e confirmada pela ESPN.
Fonte: Espn