Correios
- Foto: © Fernando Frazão/Agência Brasil
A paralisação dos trabalhadores dos Correios em
sete estados reacende o debate sobre direitos trabalhistas, reestruturação e
situação financeira da estatal em 2025. Nesta terça-feira (16/12), a
greve geral por tempo indeterminado, aprovada por sindicatos em São Paulo,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba,
atinge diferentes áreas da empresa e deve gerar impacto direto na distribuição
de cartas, encomendas e serviços logísticos, em meio a um rombo bilionário e a
disputas sobre manutenção de benefícios.
Quais são as principais reivindicações na greve dos
Correios?
Entre os pontos centrais da greve dos Correios está a manutenção
do adicional de férias de 70%, benefício visto pelos trabalhadores como
conquista histórica. As entidades também defendem o pagamento em dobro por
trabalho aos fins de semana e um vale-refeição ou alimentação de R$ 2,5 mil, em
duas parcelas, apelidado de “vale-peru”, voltado especialmente ao
período de fim de ano.
Como o contexto financeiro dos Correios influencia a
greve?
A greve nos Correios ocorre em meio a forte
pressão sobre as contas da empresa, com déficit acumulado superior a R$ 6
bilhões até setembro. Para enfrentar a crise, a estatal busca empréstimo com
garantia do Tesouro Nacional e adota um plano de reestruturação que inclui
redução de despesas e revisão de benefícios.
Uma proposta inicial de empréstimo de R$ 20 bilhões foi
rejeitada, em grande parte pela taxa de juros considerada alta pelos órgãos de
controle, e deu lugar a uma contraproposta de cerca de R$ 12 bilhões.
Paralelamente, o Plano de Demissão Voluntária (PDV), que mira cerca de 15
mil desligamentos até 2027, é visto pelos trabalhadores como sinal de
enxugamento do quadro, possível avanço de terceirizações e perda de capacidade
operacional própria.
Quais serviços dos Correios são mais afetados durante a
greve?
Para entender melhor como o movimento atinge o dia a dia
da população e dos órgãos públicos, é útil observar quais serviços costumam
sofrer mais alterações, assim como as garantias mínimas que geralmente são
preservadas em períodos de greve:
- Distribuição
domiciliar: cartas, encomendas e logística integrada tendem a
registrar atrasos e mudanças de rota.
- Documentos
oficiais: notificações judiciais, comunicados e boletos enviados por
correspondência podem sofrer atraso.
- Atendimento
mínimo: costumam ser mantidas equipes de plantão, com nível de
serviço definido em acordo ou decisão judicial.
- Remuneração
dos grevistas: a legislação permite desconto dos dias parados, mas ao
fim do movimento podem ser negociadas compensações ou acordos específicos.
FAQ sobre greve dos Correios
- A
greve tem prazo para terminar? Não. A paralisação foi aprovada por
tempo indeterminado e o fim depende de acordo nas negociações entre
sindicatos, Correios e mediação do TST.
- Clientes
podem ser indenizados por atrasos ou prejuízos? Em geral, atrasos
causados por greve não geram indenização automática, mas casos específicos
podem ser analisados conforme o tipo de serviço contratado.
- A
greve pode acelerar privatização ou mudanças estruturais nos Correios? Embora
não haja decisão formal, o movimento ocorre em um contexto de
reestruturação e pode influenciar debates sobre terceirização, redução de
custos e o futuro da estatal.
§ Por Junior Melo