Senador alagoano
quer voltar ao Palácio do Planalto 25 anos depois de sofrer impeachment por
denúncias de corrupção. E diz ter uma vantagem em relação aos outros
concorrentes: “já presidi o país”
O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) revelou, na tarde desta
sexta-feira (19), que fará um ‘repeteco’ da sua campanha em 1989. Alvo da Lava
Jato, o senador quer se candidatar a presidente da República nas eleições de
2018, 25 anos de pois de ser alvo de um impeachment que cassou o seu mandato.
A intenção de ser
um dos que vai disputar a cadeira do mais alto cargo do Poder Executivo foi
revelada à rádio Gazeta de Arapiraca, Alagoas. De acordo com o senador, o
assunto será tratado na convenção do Partido Trabalhista Cristão (PTC), antigo
PRN, pelo qual se lançou candidato em 1989.
Para o senador há
um vácuo entre os possíveis concorrentes ao Palácio do Planalto, com
extrema-esquerda de um lado, representada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e
extrema-direita do outro, com Jair Bolsonaro (PSL). Isso deixou a interpretação
de que Collor quer se colocar como mais uma opção para eleitores nas urnas
deste ano.
“Tenho uma vantagem
em relação a alguns candidatos porque já presidi o País. Meu partido todos
conhecem. Todos sabem o modo como eu penso e ajo para atingir os objetivos que
a população deseja para a melhoria de sua qualidade de vida”, pontuou em
entrevista à rádio.
Impeachment
Collor foi o primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto direto,
depois de 29 anos, vencendo Lula, em 1989. Mas o governo dele caiu em desgraça
em meio a denúncias que sacudiram a República. Collor foi acusado de corrupção
pelo seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, em matéria de capa da revista
Veja, em 1992.
O empresário Paulo
César Farias, tesoureiro de campanha de Collor, foi a personalidade-chave do
escândalo, que ensejou a abertura de um processo de impeachment – o primeiro na
história da democracia na América Latina – contra o então presidente do Brasil.
O “esquema PC”, que movimentou mais de US$ 1 bilhão dos cofres públicos, teria
como beneficiários integrantes do alto escalão do governo e o próprio Collor.
Em setembro de
1992, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do impeachment contra Collor.
Quatro dias depois ele foi afastado da Presidência, após o processo ser
instaurado no Senado. Em meio ao julgamento, Collor renunciou ao cargo numa
tentativa desesperado de manter seus direitos políticos. Mas já era tarde.
Em 30 de dezembro
de 1992, por 76 votos a favor e 3 contra, Fernando Collor de Mello foi
condenado à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos. Dois anos
depois, ele teve o processo por corrupção passiva arquivado pelo Supremo
Tribunal Federal por falta de provas da ligação dele com o esquema de PC
Farias. Mas a inelegibilidade foi mantida.
Investigado na Lava Jato
O senador é réu nas investigações da operação Lava Jato. A
Procuradoria-Geral da República acusa o parlamentar de receber R$ 29 milhões em
propina pela suposta influência política na BR Distribuidora, empresa
subsidiária da Petrobras.
Quando apresentada
a denúncia, apesar de ter sido votada favoravelmente por unanimidade pelos
cinco ministros da 2º Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e o relator da Lava
Jato, Edson Fachin, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli apontaram que
havia “excessos” na acusação da PGR.
À época da
denúncia, em agosto de 2017, Collor disse em nota que “terá oportunidade de comprovar
sua inocência na fase seguinte do processo, colhendo, mais uma vez, o
reconhecimento de sua inocência”.
A denúncia contra
Collor, apresentada em agosto de 2015 pela PGR, faz parte de uma das seis
investigações sobre o senador abertas no STF, sendo cinco da Lava Jato e outra
baseada na delação da Odebrecht sem relação com a Petrobras.
Dê: Agência Brasil/Fotos Públicas