Processo foi enviado ao STF e está nas mãos do ministro Nunes Marques
Valério, que atuou como operador do mensalão, disse ter sido informado pelo ex-secretário-geral petista de que Ronan iria revelar que o PT recebia clandestinamente dinheiro de empresas de ônibus, de operadores de transporte pirata e de bingos. Nesse último caso, os repasses financeiros ao partido seriam uma maneira de lavar recursos do PCC.
O caso em questão é o mesmo noticiado pelo jornal “O Estado de S.Paulo” em 2018. A delação premiada foi homologada pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello.
O processo foi enviado nesta sexta pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) e está sob responsabilidade do ministro Nunes Marques.
No depoimento, Valério afirmou que o ex-secretário-geral Sílvio Pereira lhe disse que o empresário Ronan Maria Pinto ameaçava revelar que o PT recebia dinheiro de empresas ônibus, de operadores de transporte clandestino e de bingos, que lavavam dinheiro para o PCC. O dinheiro financiaria campanhas do PT ilegalmente.
“Os bingos estariam lavando dinheiro do crime organizado e financiando campanha de candidatos a vereadores do PT e de deputados do PT em dinheiro vivo. E crime organizado leia-se PCC”, disse o publicitário no depoimento.
Na ocasião, segundo o relato, Ronan havia chantageado Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não havia sido eleito presidente.
Valério disse que o petista Celso Daniel, que comandava a prefeitura de Santo André (SP) e foi assassinado em 2002, havia montado um dossiê com os nomes de petistas que estavam recebendo financiamentos ilegais.
O dossiê não teria sido encontrado depois da morte de Celso Daniel.
Ainda de acordo com ele, após o assassinato de Daniel, o PT fez uma “limpa” e afastou integrantes que tinham ligações com o crime organizado.
Valério foi condenado a 37 anos de prisão no processo do mensalão. De acordo com a Justiça, ele atuou como operador de pagamentos a parlamentares que teriam negociado apoio ao governo Lula no Congresso durante o primeiro mandato do ex-presidente.
A Polícia Federal disse que não vai se manifestar, segundo a assessoria de imprensa.
CRÉDITOS: OESTE/VEJA/CNN BRASIL