Transformar restos mortais em solo é uma medida considerada 'ambientalmente correta'
Apoiado em bandeiras ambientalistas, o governo de Nova Iorque seguiu outros Estados norte-americanos e aprovou a compostagem de corpos humanos. A prática, largamente utilizada com o chamado lixo orgânico, consiste em deixar o corpo humano em um recipiente ao longo de várias semanas para que se decomponha e seja “transformado em solo”. A medida foi sancionada sábado 31 pela governadora democrata de Nova Iorque, Kathy Hochul.
Ambientalistas apoiam a ideia como uma alternativa ecológica a um enterro ou cremação. Cinco Estados norte-americanos já aprovaram a compostagem humana: Washington foi o primeiro, em 2019; em seguida, vieram Colorado, Oregon, Vermont e Califórnia.
De acordo como o governo do Estado de Nova Iorque, a compostagem humana será realizada em instalações especiais, sobre o solo. No processo, um corpo é colocado em um recipiente fechado junto com materiais selecionados, como lascas de madeira, alfafa e palha de capim, e gradualmente se decompõe sob a ação de micróbios.
Depois de aproximadamente um mês e de um processo subsequente de aquecimento para matar qualquer agente de contaminação, informou o governo, o solo resultante da compostagem é entregue a um familiar, que poderá usar a terra no plantio de flores ou árvores.
Especializada em compostagem humana, a empresa norte-americana Recompose afirma que esse processo pode economizar 1 tonelada de carbono, em comparação com uma cremação ou um enterro tradicional.
Além disso, os defensores da compostagem alegam que os enterros tradicionais, com caixão, também consomem madeira, terra e outros recursos naturais.
A aprovação do processo por Nova Iorque foi “um grande passo para o tratamento de morte verde acessível em todo o país”, disse ao New York Post um representante Return Home, empresa que faz ‘funerais verdes’ em Washington.
‘Descartado como lixo doméstico’
Bispos católicos do Estado de Nova Iorque se opuseram à legislação, argumentando que os corpos humanos não deveriam ser tratados como “lixo doméstico” e que a compostagem “não oferece o respeito devido aos restos mortais”. “Embora nem todos compartilhem das mesmas crenças com relação ao tratamento reverente e respeitoso de restos mortais humanos, acreditamos que muitos nova-iorquinos se sentiriam desconfortáveis, na melhor das hipóteses, com este método proposto de compostagem/fertilização”, afirmaram os religiosos.
Procedimento tem custo elevado
O processo de compostagem, embora anunciado como eficaz ao meio ambiente, tem custo elevado. A Recompose, cuja instalação em Seattle é uma das primeiras do mundo, informou que cobra cerca de U$ 7 mil para a compostagem de um corpo humano.
De acordo com a BBC, a National Funeral Directors Association (NFDA) informou que em 2021 o valor médio despendido para um funeral com enterro foi de U$ 7,8 mil e de US$ 6,9 mil.
Na Suécia, a compostagem humana também é considerada legal.
COM: REVISTA OESTE