quinta-feira, 13 de outubro de 2022

COVID LONGA: 48% DOS INFECTADOS NÃO SE SENTEM TOTALMENTE RECUPERADOS 18 MESES APÓS INFECÇÃO: CONFIRA DADOS DO ESTUDO

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Covid longa: 18 meses após infecção, 48% não se sentem totalmente recuperados, mostra estudo
Estudo em larga escala, conduzido com quase 100 mil pessoas, mostrou ainda que os sintomas persistentes mais comuns são falta de ar, dor no peito, palpitações e confusão mental

Um dos maiores estudos sobre Covid longa teve os primeiros resultados publicados nesta quarta-feira na revista científica Nature Communications e mostrou que 42% dos infectados com o novo coronavírus se sentem apenas parcialmente recuperados num período de até 18 meses após a contaminação. Além disso, 6% relataram não ter melhorado nada dos sintomas da doença.

O trabalho, chamado de Long-CISS (sigla para “Covid in Scotland Study”, Estudo da Covid na Escócia, em português), foi conduzido pela Universidade de Glasgow em colaboração com o órgão de saúde pública escocês e as universidades de Edimburgo e Aberdeen, também no país. 

O projeto foi criado em maio de 2021 para compreender o impacto a longo prazo da infecção pelo Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, em comparação com indivíduos que não foram contaminados.

O estudo CISS analisou informações de 33.281 escoceses que tiveram a doença e compararam com 62.957 indivíduos que não registraram uma infecção pela Covid-19 – um público de quase 100 mil participantes. Ambos os grupos foram monitorados por questionários no período de 6, 12 e 18 meses após o início. 

Para conseguir o grande número de pessoas, os pesquisadores utilizaram dados do sistema de saúde público da Escócia. Com isso, foi enviado a todos os moradores do país que recebiam um resultado positivo para a doença uma mensagem de texto convidando a participar do estudo e a responder os questionários.

Além da constatação de que quase metade dos infectados não relataram uma melhora completa no período de mais de um ano após a contaminação, ou seja, ainda apresentavam algum sintoma associado ao vírus, os responsáveis pelo estudo também observaram quais eram os grupos com maior persistência das queixas. 

Pessoas idosas, mulheres, moradores de comunidades carentes e indivíduos com problemas de saúde física e mental pré-existentes – como doenças respiratórias e depressão – foram mais propensos a experimentar os sintomas duradouros. Além disso, a incidência foi maior entre os que precisaram de hospitalização durante a fase aguda da doença. 

As reclamações a longo prazo mais relatadas foram falta de ar, dor no peito, palpitações e confusão mental, ou ‘névoa cerebral’, como é conhecida. Durante o período, o status de recuperação permaneceu indiferente para a maioria das pessoas, com apenas 13% dizendo ter melhorado ao longo do tempo e 11% sentindo alguma deterioração. 

Por outro lado, o estudo mostrou que aqueles que tiveram infecções assintomáticas da Covid-19, ou seja, não apresentaram sintomas durante a doença, no geral não tiveram os impactos a longo prazo. Além disso, entre os vacinados antes da contaminação, a prevalência da Covid longa foi de 24% a 42% menor para 7 sintomas: mudanças no olfato, no paladar, problemas de audição, perda de apetite, problemas de equilíbrio, confusão / dificuldade em se concentrar e ansiedade / depressão.

A professora de saúde pública da Universidade de Glasgow, que lidera o estudo, ressalta que os dados mostram que a maioria dos infectados de fato se recupera de forma rápida e completa após a infecção, porém uma parte considerável desenvolve uma variedade de problemas de longo prazo. Para ela, isso demonstra que compreender a Covid longa é essencial. 

“Nosso estudo é importante porque aumenta nossa compreensão da Covid longa na população em geral, não apenas nas pessoas que precisam ser internadas no hospital com Covid-19. Ao comparar os sintomas com os não infectados, conseguimos distinguir problemas de saúde devido à Covid-19 e problemas de saúde que teriam acontecido de qualquer maneira”, diz em comunicado. 

O cientista consultor de saúde da Public Health Scotland, Andrew McAuley, destacou ainda que o estudo fornece evidências “novas e importantes sobre a Covid longa”. Uma das certezas, para o especialista, é o benefício de se estar vacinado para evitar o quadro. 

“Sabemos que estar totalmente vacinado contra o COVID-19 pode reduzir a probabilidade de desenvolver Covid longa. Portanto, incentive aqueles que são elegíveis para a vacina a aproveitar a oportunidade para aumentar sua proteção vacinando-se”, orienta McAuley.

COM: NATURE COMMUNICATIONS/TBN