Ilustração:
Montagem Revista Oeste/Shutterstock
LAVAGEM CEREBRAL A R$ 5 MIL POR MÊS — OU MAIS
Escola tradicional utiliza textos esquerdistas para ensinar português em
sala de aula
Há bem pouco tempo, numa aula de introdução à argumentação, que faz
parte da matéria de língua portuguesa do 9º ano do fundamental 2, o professor
pediu que os adolescentes lessem um texto e em seguida respondessem diversas
perguntas. O texto era um artigo de opinião escrito pelo sociólogo Celso Rocha
de Barros, publicado no jornal Folha de S.Paulo, intitulado
“Aumentou o preço do golpe”. O mote do artigo é o suposto sucesso da Carta pela
Democracia, lançada em 11 de agosto por professores da USP e integrantes da
Fiesp e assinada por cerca de 1 milhão de pessoas. O artigo afirma, entre
outras, as seguintes teses sobre o presidente da república:
– “Há duas coisas que Jair Bolsonaro nunca fez na vida: trabalhar e
entrar em briga do lado mais fraco por medo de levar porrada”;
–“Jair não decide direito se é católico ou evangélico, porque ainda não
sabe qual lado vai oprimir o outro”;
– “Jair Bolsonaro tem por ídolo militar um torturador”;
– “Essa carta tornou mais difícil Bolsonaro mentir sobre o golpe de
Estado que dará”.
(Veja abaixo a lição completa dada no Santa Cruz)
Para os pais que concordam com as opiniões do autor do artigo, o
professor teve uma boa ideia em usá-lo num exercício de interpretação de texto.
Mas os pais que não concordam obviamente ficaram irritados com a escancarada
doutrinação em sala de aula. “Acho um absurdo esse massacre intelectual que
estão fazendo com as crianças”, diz um deles — que pede que seu nome não seja
revelado para que seus filhos não sofram represálias no colégio. “Pago uma mensalidade
de mais de R$ 5 mil por cada criança, para meus filhos aprenderem conteúdos que
ajudem a desenvolver a inteligência, para ganharem pensamento crítico e saírem
da escola com novas habilidades. Não quero que eles tenham de aderir
compulsoriamente às opiniões do professor. A escola tinha de ser apartidária.”
Esse pai conta que seus filhos relatam esses episódios em casa espontaneamente,
muitas vezes desgostosos e até confusos com o tipo de texto, porque são sempre
de um lado só da ideologia política. “Eles nunca tiveram uma lição que usasse
um texto com o mesmo teor do outro lado. E o pior é que não há abertura para os
alunos se contraporem. Eles não conseguem nem retrucar.”
O Santa Cruz não é o único colégio em que os professores radicalizam e tentam incutir nas jovens cabeças os ideais da esquerda sem nem disfarçar
Colégio Santa Cruz | Foto: Divulgação
Os pais conversam entre si e muitos pensam dessa mesma forma, mas nenhum
quer criar problemas para os filhos, principalmente por já ter havido um caso
desse gênero, em que a escola deu um jeito de o aluno sair. Obviamente, se
mantêm os filhos no Santa Cruz é porque, no cômputo geral, os pais consideram a
escola boa. A preocupação é com o viés de esquerda das discussões. “O que me
incomoda é que, no passado recente, tenho percebido a falta de visões
diferentes em alguns debates, e aí está o espaço para o viés e o
direcionamento”, diz outro pai. “Fica parecendo uma discussão isenta e
intelectualmente estimulante, mas não é, pois é apresentado um lado só.”
Problema
generalizado
O Santa Cruz não é o único colégio em que os professores radicalizam e
tentam incutir nas jovens cabeças os ideais da esquerda sem nem disfarçar. Há
poucos meses, a Avenues, escola também de altíssimo padrão localizada na zona
sul de São Paulo, protagonizou um caso que deu o que falar. Durante uma
palestra para cerca de 200 alunos, um professor constrangeu um estudante de 17
anos que contrapôs argumentos da índia Sonia Guajajara, ativista e atual candidata
a deputada federal pelo Psol. Ela havia sido convidada a palestrar pelo próprio
professor e fez ali uma série de manifestações políticas relacionadas,
principalmente, à distribuição de terras e ao uso de agrotóxicos.
Em sua palestra na Avenues, que cobra uma mensalidade de cerca de R$ 15
mil, a ativista fez várias críticas ao setor agropecuário brasileiro e a
opositores políticos. Um estudante filho de uma família ligada ao agronegócio
pediu a palavra para rebater o que Guajajara havia dito. Antes que ela própria
respondesse, o professor Messias Moreira Basques Junior, doutor em antropologia
social, interveio e constrangeu o estudante, dizendo o que segue. “Deixa eu te
dizer uma coisa, meu querido: quando você entender o que é ser uma pessoa deste
tamanho, vai se lembrar deste dia com muita vergonha. Então a minha
recomendação é que me respeite, porque sou um doutor em antropologia. Não tenho
opinião, sou especialista em Harvard. No dia em que você quiser discutir com a
gente, traga seu diploma e a sua opinião fundamentada em ciência. Aí sim você
discute com um especialista em Harvard”. Além da total falta de respeito do
professor com o aluno na frente de todos os colegas, ele mentiu, pois não tem
nenhum diploma de especialização em Harvard. Apesar de tudo, no fim das contas,
a escola deu razão a ele.
Esta é a vida real em muitos colégios de elite no Brasil de hoje. Fazem
lavagem cerebral sem disfarce algum nos alunos — e em troca cobram dos pais
mensalidades cada vez mais caras.
COM: REVISTA OESTE