A interação química de determinados tipos de fármacos com alimentos e bebidas pode se dar de algumas maneiras: diminuindo ou aumentando a absorção do princípio ativo - alterando, assim, o resultado do tratamento; interferindo no aproveitamento dos nutrientes da comida e até gerando reações adversas diferentes das previstas na bula.
Como regra geral, os especialistas indicam tomar remédios sempre com água, além de ler a bula para conhecer possíveis interações com aquilo que você come e bebe. Veja aqui algumas combinações que podem colocar sua saúde em risco.
Álcool + estabilizadores do humor
De modo geral, deve-se evitar a
combinação de bebida com todo e qualquer tipo de medicamento, embora nem
sempre a associação vá causar danos graves. A mistura mais perigosa é
com aqueles que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos,
calmantes, remédios para dormir e anticonvulsivantes. Nesses casos, o
álcool, que também atua diretamente no cérebro, tende a potencializar o
efeito do fármaco, podendo provocar insônia, agitação, insuficiência
respiratória, arritmia cardíaca e até levar ao coma.
O álcool também pode atrapalhar a absorção de certos remédios por ser processado no fígado, é o caso de antibióticos e anticoncepcionais. Não dá para afirmar que bebida alcoólica corta o efeito do remédio, o consumo conjunto pode sobrecarregar o órgão, mas o uso moderado não deve afetar o efeito do remédio.
Vitamina K + anticoagulante
O nutriente presente em couve,
espinafre, repolho, couve-flor, couve-de-bruxelas, kiwi, abacate, entre
outros vegetais, favorece a coagulação sanguínea e evita hemorragias.
Quem toma medicamentos anticoagulantes à base de varfarina (pacientes
que tiveram ou correm risco de desenvolver trombos, como portadores de
doenças cardíacas), portanto, deve seguir as orientações médicas para a
alimentação não diminuir a eficácia do remédio.
Mas não se trata de abolir fontes de vitamina K, o que deixaria a dieta pobre. "A recomendação é manter a regularidade no consumo, ou seja, evitar comer muito dela em um dia e nada no outro", disse o nutrólogo Nelson Iucif Jr., da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), em entrevista a VivaBem em 2018. "Assim, o médico consegue ajustar a dose segura e eficaz do medicamento", completa.
Leite + antibiótico
O cálcio dos laticínios pode inativar o efeito
da tetraciclina, antibiótico bastante usado no tratamento de acne e no
combate a um amplo espectro de bactérias. O medicamento adere ao mineral
e acaba tendo sua eficácia reduzida. A recomendação é dar um intervalo
de uma hora entre a administração do antibiótico e a ingestão de leite,
queijo ou iogurte. O cálcio também interfere na absorção do ferro
presente em remédios para tratar anemia.
Cafeína + broncodilatadores
De acordo com o guia da FDA (agência
de saúde americana) que informa sobre interações perigosas entre
remédios e alimentos, não se deve associar produtos que contêm cafeína
(chás preto e verde, refrigerantes, bebidas energéticas e chocolate,
além de café) e remédios cujo princípio ativo é a teofilina (prescritos
para asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica). Isso porque
as substâncias se sobrepõem, elevando a toxicidade do medicamento e
intensificando efeitos adversos como taquicardia e agitação. O mesmo
pode acontecer ao misturar cafeína e o antibiótico ciprofloxacina,
resultando em dor de cabeça, insônia e náusea.
Tiramina + antidepressivos
Queijos, vinho, embutidos, conservas e
outros alimentos fermentados contêm tiramina, substância que pode reagir
com antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)
potencializando a absorção da droga pelo organismo e causando aumento
súbito da pressão arterial e enxaqueca.
FONTE: UOL