FOTO: ILUSTRAÇÃO/MANIFESTOS NA VENEZUELA/NET |
O
recente episódio da farsa eleitoral venezuelana trás, novamente, à
baila a discussão concernente a dois aspectos essenciais destes regimes
que ainda florescem no mundo e tentam se reerguer em outros países, que
lutam por permanecer como democracias.
A
tragicomédia da Venezuela principiou com a negativa da candidatura da
opositora com mais condições de governar o país e o impedimento por
"problemas operacionais” da máquina chavista que não estava apta a
receber a segunda candidata no prazo da inscrição. Quando o prazo já
tinha terminado, disseram que não poderiam receber o registro da
candidatura.
Tal
manobra não impediu que se unissem forças opositoras em torno de um
diplomata, sendo que a apuração dos poucos votos auditados com
respectivas atas demonstravam sua vitória esplendorosa, obrigando o
títere governante a interromper o acesso da oposição à apuração.
Mais
uma das inúmeras formas que as ditaduras de esquerda encontram para
manterem-se no poder.
Na ditadura cubana, para conseguir o poder, Fidel matou milhares de cubanos em paredons,
instalando a mais antiga ditadura da América. O Brasil de Lula e Dilma
financiou obras de elevado valor naquele país, dívida contraída que
jamais foi adimplida pelos ditadores da ilha caribenha.
Na
União Soviética, em número de mortes Stalin suplantou Fidel, elevando
os assassinatos de seus opositores de milhares para dezenas de milhares.
Putin reduziu o número de assassinatos, mas como ditador
expansionista,travou uma guerra de conquista contra a Ucrânia, prendendo
e eliminando aqueles que se opõem a seu governo.
Ortega não fica atrás como ditador, eliminando ou prendendo adversários e mantendo uma cruel tirania sobre seu povo.
Por
fim, a China, desde o massacre da Praça da Paz, tem sido mais discreta
na eliminação de adversários, sendo que aqueles que desaparecem não se
sabe onde se encontram: se em algum lugar ou embaixo da terra.
Uma
das características desses governos, é o fracasso econômico, como é
possível verificar na Venezuela, Cuba e Nicarágua, por força da
corrupção reinante, do narcotráfico presente e de não entenderem as
regras da economia de mercado, que fizeram todos os países desenvolvidos
não serem de esquerda.
A
Rússia mantém-se graças ao apoio da China, por onde escoam suas
mercadorias, em face de sanções econômicas que sofre pela guerra contra a
Ucrânia. A China, uma ditadura de esquerda na política, por sua vez, é
um dos países que ainda adota o capitalismo selvagem, suas regras,
gerando impactos e protestos pelo mundo.
No
Brasil, o presidente Lula que, em seus dois primeiros mandatos foi um
homem pragmático, neste terceiro tornou-se um ideológico de esquerda,
mantendo com as cinco ditaduras relações de cordialidade e discreto
apoio. Alega interesses comerciais que, todavia, independeriam da
exteriorização de simpatia. Em verdade, sua preferência, embora negue, é
por tais regimes, o que fica mais claro em suas diversas manifestações
ora de admiração, ora de silêncios comprometedores ou tímidas
manifestações de preocupação.
O
certo é que a fraude eleitoral venezuelana desventrou para o mundo esta
característica maior dos governos ditadores de esquerda, ou seja, a
mentira como forma de se manter o poder, levando até mesmo a OEA, países
europeus e inúmeros países da América a considerarem fraudulento e
inadmissível o “golpe” eleitoral de Maduro.
Termino
este artigo com uma frase de Roberto Campos sobre as eleições nas
ditaduras de esquerda: "nestes governos não têm que se ganhar as
eleições, mas sim ganhar as apurações".
Ives Gandra da Silva Martins é
professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU,
do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do
Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal
Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades
Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis
(Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e
das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal),
presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio
-SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto
dos Advogados de São Paulo (Iasp).