Minas Gerais tem 21 cidades com alto risco de febre
amarela
Testes já confirmaram que mortes de macacos nesses
municípios foram provocadas pela doença. Alerta inclui outros 76 onde houve
óbitos de primatas, sinal de circulação do vírus
Alerta vermelho em 21 municípios mineiros onde
foram registradas mortes de macacos infectados pelo vírus da febre amarela. O
estado de atenção recai ainda sobre 26 cidades onde os óbitos de primatas estão
em investigação e outras 50 em que as causas não foram determinadas por não ter
havido coleta de amostras. Intensificação da vacinação e fechamento de parques
estão entre as medidas adotadas para conter o avanço da doença. Cobertura
vacinal ainda é desafio em parte de Minas Gerais.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) emitiu alerta também para 14 regionais de
saúde quanto à necessidade de investigação de rumores de morte de macacos e da
intensificação da vacinação nos municípios com coberturas abaixo de 95%. São
elas: Belo Horizonte, Barbacena (Região Central), São João Del-Rei (Campo das
Vertentes), Alfenas, Varginha, Pouso Alegre, Passos (Sul de Minas), Divinópolis
(Centro-Oeste), Juiz de Fora, Ubá, Leopoldina (Zona da Mata), Uberaba,
Uberlândia e Ituiutaba (Triângulo Mineiro).
Em BH, estão fechados o Parque das Mangabeiras, Mirante e Parque da Serra do
Curral, na Região Centro-Sul da cidade. A recomendação ocorreu devido ao
resultado positivo para febre amarela em um macaco morto encontrado no Parque
das Mangabeiras no fim do ano passado. Embora outros centros de turismo e lazer
ou áreas usadas para trilhas estejam abertos à visitação, a Secretaria
Municipal de Saúde recomenda que somente devem entrar nas áreas de mata da
capital pessoas que estejam vacinadas contra febre amarela.
Por meio de nota, a secretaria ressaltou que até o momento não foi registrado
caso de febre amarela com transmissão no município e que dois moradores
contraíram a doença, mas fora da capital. Em 2017, foram vacinadas mais de 716
mil pessoas, alcançando uma cobertura vacinal de 83% – ainda abaixo da meta
estadual, de 95%. Em Minas, a cobertura saiu de 47% no ano passado para 81%.
Apenas cinco das 28 regionais de saúde bateram a meta, de acordo com o último
boletim epidemiológico divulgado pela SES – ou seja, 82% têm o desafio da
imunização pela frente. A menor cobertura está na regional de Pouso Alegre
(66,4%).
O fechamento de área de visitação foi medida adotada também em São João
Del-Rei, no Campo das Vertentes. Em julho do ano passado, foram encontrados
dois macacos mortos, confirmados em novembro com o vírus da febre amarela na
região da Gruta Casa de Pedra. Localizado entre São João e Tiradentes, o
complexo recebe turistas de todo o país. Foram achados primatas mortos também
em duas comunidades rurais, de Goiabeiras (caso em investigação) e Valo Novo,
onde não foi possível recolher material para análise. “Ter um caso confirmado
já é o suficiente para que sejam adotadas medidas de controle de vacinação”,
afirma a enfermeira do Setor de Vigilância Epidemiológica da prefeitura da
cidade, Eliene Jaqueline de Andrade Freitas.
No entorno da gruta e nas duas comunidades está sendo feita vacinação de casa
em casa, mas há recomendação de imunização para todo o município. A enfermeira
conta que as atividades da Casa de Pedra foram reduzidas já em setembro. Além
de medidas individuais, como fornecer repelentes e estimular o uso de blusas
com manga comprida, no local passou-se a exigir o cartão de vacina para
comprovação de imunização e assinatura de termo de responsabilidade para entrar
na área. Em dezembro, por orientação da prefeitura e da SES, o local fechou as
portas por tempo indeterminado. “Em Madre de Deus de Minas, no limite com São
João, também foi confirmada a morte de macaco por febre amarela. São medidas
que esperamos sejam temporárias, mas extremamente importantes na proteção da
população”, afirma Eliene.
O
fechamento de áreas verdes, como o Parque das Mangabeiras, está entre as
medidas para evitar a transmissão da doença(foto:
Ramon Lisboa/EM/DA Press - 30/11/17)
MOBILIZAÇÃO
O medo da doença tem mobilizado as cidades. Mesmo
aquelas onde não houve registro nem da doença nem de óbito de primatas, o
alerta é grande. Em Ubá, a Secretaria Municipal de Saúde começou a varredura na
zona rural, percorrendo todas as residências e intensificando a vacinação
nessas regiões. A cidade é polo de uma regional com 31 municípios e está na
zona de atenção decretada pela SES.
Em Uberaba, animais estão sendo monitorados nas áreas urbana e rural, depois de
um caso de primata morto pela febre amarela. Também foram ampliados dias e
horários para aplicação da vacina e intensificadas as mobilizações junto à
população. Das 24 mortes de macacos registradas de janeiro a julho do ano
passado, em 13 foram recolhidas amostras. Dessas, a Fundação Ezequiel Dias
(Funed) liberou oito resultados, sendo que um deles deu positivo para a doença.
Em Alfenas, houve apenas rumores de morte de macacos, segundo a prefeitura, mas
foi o suficiente para desencadear uma série de ações e aguardar orientações da SES
que serão dadas a partir de amanhã. O Setor de Vigilância Ambiental informou
que, entre as medidas, estão o mapeamento das localidades com presença de
primatas, prioridade e acompanhamento de vacinação em áreas com presença de
macacos. O monitoramento de mortes dos animais está sendo feito por meio de
parcerias firmadas com universidades, órgãos governamentais e da sociedade
civil. A prefeitura também intensificou a rotina de vacina e distribuição de
repelentes para os profissionais que trabalharam nas ações e áreas de risco. A
cidade é a principal de um cordão de 26 municípios. A regional tem cobertura
vacinal de 75,3%.
Avanço da chikungunya preocupa
Minas Gerais viveu seu pior ano de infecção da febre chikungunya em 2017. Foram
registrados 16.789 casos prováveis da doença. Além disso, houve as primeiras
mortes da história da enfermidade no estado. Foram 13 no total, 10 delas em
Governador Valadares, na Região do Rio Doce. Neste ano, já são nove
notificações da doença, sendo uma média de uma por dia. Os dados divulgados
pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) mostram que a atenção contra o
mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença, deve ser ainda maior no início
do ano. A maioria dos casos registrados em 2017 ocorreu entre janeiro e junho.
Em janeiro do ano passado, foram 691 casos prováveis. Em fevereiro, 2.818
notificações. Março foi o pior período, quando 6.621 registros foram feitos. Em
2018, a preocupação é que a doença se espalhe rapidamente pelo país devido ao
baixo número de pessoas que já contraíram a enfermidade. Por isso, grande parte
ainda não produziu anticorpo suficiente para escapar dela.
Dê: EM