Governo terá que subir tributos para compensar diesel mais
barato para caminhoneiros, diz ministro da Fazenda
Eduardo Guardia
afirmou que a reoneração da folha de pagamentos não é suficiente para compensar
perdas. Segundo o ministro, será compensado com outros tributos e eliminação de
benefícios.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta segunda-feira (28)
que pode ser preciso aumentar outros tributos para compensar a redução das
alíquotas da CIDE e do PIS-Cofins que será dado aos caminhoneiros, para baixar
o preço do diesel.
O ministro afirmou que esse aumento de tributos será um “movimento compensatório” que é exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), mas afirmou que o governo não vai aumentar sua arrecadação, e sim mantê-la no mesmo patamar estimado para este ano. |
A greve
dos caminhoneiros chegou ao oitavo dia nesta segunda.
Paralisações em todo país acontecem em protesto ao preço do diesel.
O ministro Guardia
lembrou que a redução proposta pelo governo é de R$ 0,16 por litro do diesel da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), e parte do PIS-Cofins.
"Ao invés de
CIDE e PIS-Cofins sobre o diesel, vamos tributar outras coisas que eu vou
comunicar quando for divulgado", declarou ele a jornalistas.
"Será compensado
com outros tributos. Pode criar impostos, mas há restrições legais. Majoração
de impostos, eliminação de benefícios hoje existentes. Através de lei ou
decretos", declarou Eduardo Guardia.
O ministro da Fazenda
ainda não informou quais tributos poderão ser elevados. Segundo ele, isso
acontecerá somente após a aprovação da reoneração da folha de pagamentos pelo
Congresso Nacional - que compensará apenas parte das perdas de arrecadação.
Ele admitiu que o
setor que tiver tributação elevada para compensar a perda de arrecadação com a
CIDE e o PIS-Cofins dos combustíveis "vai reclamar", mas acrescentou
que a equipe econômica buscará propor aumento de tributos que não agrave ainda
mais as distorções existentes no sistema tributário brasileiro.
"Temos de
aproveitar esse momento para caminhar em direção a uma carga tributária melhor
distribuída. Vamos procurar agregar maior qualidade a carga tributária",
declarou Guardia.
“Isso está dentro da compensação requerida pela LRF em função da redução do PIS-Cofins. Isso não é aumento da carga tributária. A carga tributária é neutra”, declarou ele.
Além disso, o governo
também vai levar adiante um programa de subvenção econômica ao combustível, que
assegurará R$ 0,30 a mais até o fim do ano. Ao todo, a redução no preço será de
R$ 0,46 por litro do diesel.
Mais cedo, nesta
segunda-feira (28), em entrevista à TV Globo, o ministro da Fazenda disse que o impacto
das medidas para encerrar a greve dos caminhoneiros é de R$ 9,5 bilhões aos
cofres públicos.
Limite do possível'
O
ministro da Fazenda afirmou ainda que o governo foi ao limite do possível
dentro dentro do orçamento. Com isso, confirmou que não pode, dentro das
condições atuais da economia, conceder novos benefícios até o fim do ano.
"Fizemos um
brutal esforço para acabar com esse movimento que está trazendo prejuízos.
Fomos no limite do que poderíamos ir [em termos orçamentários] para normalizar
o movimento”, declarou ele. Eduardo Guardia afirmou que não há disponibilidade
de recursos para ir além disso.
O ministro afirmou
que o preço do petróleo não é definido pelo governo, e observou que a alta
afetou o mundo inteiro.
“Não só no Brasil,
mas no mundo inteiro. É o preço da 'commodities', que não é fixado pelo
governo. Não faremos isso. Isso sim é um subsidio implícito. Não transparente,
inadequado. O que fizemos é transparente. A política de preços é a política da
Petrobras. Não dá para ir além disso", declarou.
Importação de diesel
O
ministro da Fazenda afirmou ainda que o governo buscará que o programa de
subvenções ao preço do diesel, que assegurará queda de R$ 0,30 no preço do
litro do combustívei, que seja "neutro do ponto de vista
concorrencial".
Segundo ele, esse
programa, que ainda tem de ser regulamentado por meio de medida provisória e
aprovado pelo Petrobras, não pode beneficiar e nem prejudicar importadores do
combustível.
"Para que isso
fosse atendido, tínhamos que por um lado garantir que a subvenção atingisse o
setor importador. O importador tem acesso a esse produto mais barato, teria uma
vantagem competitiva frente a Petrobras", disse Guardia.
O ministro da Fazenda
explicou que, caso o preço do diesel fique abaixo do valor fixado para a
Petrobras, o governo poderá aumentar o imposto de importação. Isso poderá ser
definido diariamente.
Dê: G1