sábado, 7 de setembro de 2019

PESQUISADORES DE HARVARD: NÃO EXISTE UM ÚNICO GENE GAY!

Não existe um único “gene gay”, de acordo com ampla análise de DNAé efetivamente impossível prever o comportamento sexual de um indivíduo a partir de seu genoma", disse um dos pesquisadores (Claire Doherty/Getty Images)





Como tamanho ou inteligência, a atração sexual não é definida apenas por um gene, mas é o resultado da complexa interação entre várias regiões do genoma e fatores ambientais difíceis de identificar.
Essa é a conclusão de uma análise realizada em meio milhão de perfis de DNA como parte de um gigantesco estudo de pesquisadores da Europa e dos Estados Unidos publicado na revista Science nesta quinta-feira.
Seus autores esperam enterrar a noção, popularizada nos anos 90, da existência de um “gene gay” todo-poderoso que determina a sexualidade da mesma forma como a cor dos olhos é definida.

“Descobrimos que é efetivamente impossível prever o comportamento sexual de um indivíduo a partir de seu genoma”, disse Ben Neale, membro do MIT e do Broad Institute de Harvard, uma das várias organizações envolvidas no trabalho.
A orientação sexual tem um componente genético, dizem os pesquisadores, confirmando estudos anteriores menores, particularmente com gêmeos.
Mas o efeito é mediado por uma miríade de genes. “Não existe um único gene gay, mas sim a contribuição de muitos pequenos efeitos genéticos espalhados pelo genoma”, disse Neale.
Além disso, há fatores ambientais: como uma pessoa é criada na infância, onde vive como adulto, etc.
Tomemos, por exemplo, a altura: o componente genético é indiscutível e está ligado à altura dos seus pais. Mas outros fatores como nutrição durante a infância desempenham um papel importante.
O mesmo vale para a probabilidade de você ter um ataque cardíaco. Certos genes levam a uma predisposição para doenças cardíacas, mas estilo de vida e dieta são, em última análise, mais significativos.
A nova análise estatística revelou cinco pontos em nossos cromossomos, chamados loci, que parecem intimamente ligados à sexualidade, embora cada um individualmente tenha uma influência “muito pequena”.
Acontece também que um desses marcadores está associado à perda de cabelo, o que sugere um vínculo com a regulação dos hormônios sexuais.
Acredita-se que esses cinco marcadores possam ser apenas o começo, com outros milhares aguardando para ser descobertos no futuro.
Fah Sathirapongsasuti, cientista da empresa 23andMe que contribuiu para o estudo com os perfis de clientes que se voluntariaram para participar, acrescentou: “A genética definitivamente desempenha um papel, no entanto, é possivelmente minoritário – e há um efeito ambiental não explicado que você nunca pode identificar exatamente qual é”.
A maior parte dos dados veio, contudo, do Biobank do Reino Unido, principalmente de pessoas brancas, entre indivíduos que responderam à pergunta: você teve relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo?
DÊ: EXAME