Candidato de centro-esquerda à presidência do Peru, um dos 20 países mais afetados pelo novo coronavírus, o ex-congressista Yonhy Lescano, do partido Ação Popular, defendeu o cañazo (tipo de aguardente) como um tratamento para a doença.
Desde que o primeiro caso de Covid-19 foi registrado em território peruano, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, e mais de 50 mil morreram.
Em uma acirrada disputa pela presidência, Lescano apareceu em primeiro na mais recente pesquisa de intenção de voto do Instituto de Estudos Peruanos (IEP), com 11,4% da preferência, contra 9,7% de Rafael López Aliaga, do partido Renovação Popular, e 9,6% de Verónika Mendoza, do Juntos pelo Peru. As eleições vão acontecer no dia 11 de abril.
– Acredito na medicina popular, na medicina natural. As pessoas são curadas com a folha de coca, com sal e com uma série de ervas e plantas que estão na Amazônia – disse Lescano.
Ele deu declarações durante uma entrevista ao programa Panorama, da rede de televisão peruana Panamericana.
O ex-congressista chegou a alegar que o cañazo tem uma base científica porque funcionaria da mesma forma que um enxaguante bucal à base de álcool na eliminação de vírus e bactérias.
– É o mesmo princípio. Vá até Cusco, Puno ou Huancavelica e peça às pessoas que lhe digam como foram curadas. É uma resposta que tenho visto nas regiões, para que o bicho não se aloje na garganta – disse o candidato.
“FUNCIONA PARA O POVO”
O candidato defendeu a mistura argumentando que algumas pessoas “obtiveram resultados” na ausência de vacinas contra a Covid-19.
– É proibido ou é irresponsável fazer isso enquanto a vacina não chega e os peruanos estão morrendo? Não há nada de errado – declarou.
No entanto, Lescano negou que a promoção do cañazo faça parte do plano de seu governo para acabar com a pandemia, algo pelo qual ele culpa “pessoas mal-intencionadas”.
– Há uma guerra pura e suja desde que estou em primeiro lugar (nas urnas). Dizem que é parte do plano do governo, mas é pura mentira e difamação – disse.
Lescano também tem sido protagonista de outras propostas controversas, como pedir ao Chile que devolva ao Peru o navio Huáscar, capturado pela Marinha chilena em 1879 durante a Batalha de Angamos, uma das principais da Guerra do Pacífico (1879-1884).
Atualmente, o Huáscar é uma relíquia histórica, o segundo mais antigo navio de guerra ainda a flutuar, depois do britânico HMS Warrior, e serve como museu marítimo flutuante no porto chileno de Talcahuano, na região de Bío Bío.
ELEIÇÕES À VISTA
Mais de 25 milhões de peruanos poderão votar em 11 de abril para eleger um presidente e seus dois vice-presidentes para um mandato até 2026. Também estarão em disputa os 130 assentos do Congresso e os cinco postos no Parlamento Andino.
Caso nenhum candidato presidencial atinja 50% dos votos, será realizado um segundo turno em junho entre os dois candidatos mais votados.