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A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma condição bastante comum no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aproximadamente 30% dos adultos são hipertensos. Este número apenas confirma a importância de saber medir a pressão, entendo se está baixa ou alta demais. Igualmente necessário é fazer o acompanhamento médico.
Embora a pressão seja uma importante medida para a saúde, existem inúmeras dúvidas que misturam desde os valores padrões até a maneira de fazer a medição. Por exemplo, existe, sim, um jeito certo de posicionar o manguito (a braçadeira) no braço. Além disso, os valores obtidos através de smartwatches devem ser eventualmente checados, já que não substituem os aparelhos médicos padrão.
O que é pressão arterial?
Antes de seguirmos, é importante termos de forma bastante clara o que vem a ser pressão arterial. É a pressão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias durante a sua passagem, enquanto é bombeado pelos batimentos do coração pelo corpo.
Para medir a pressão, independente do tipo de aparelho, são usados dois “números”:
- Pressão arterial sistólica (PAS): a pressão do sangue gerada pela contração do coração, ou seja, a pressão de saída do sangue para as artérias. Também pode ser chamada de “pressão máxima”;
- Pressão arterial diastólica (PAD): é a “pressão mínima”, já que mede a força do sangue nas artérias quando o coração está “relaxado”.
Quando a pressão arterial está alta?
“A pressão alta geralmente não provoca sintomas”, explica Luiz Guilherme Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. Apesar de ser silenciosa, o médico lembra que “ela acaba resultando, ao longo do tempo, num aumento na incidência de doenças cardiovasculares, de doença renal e de alterações da retina”. Inclusive, os riscos de infarto e de Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, são maiores em pacientes hipertensos, que não tratam a sua condição.
Agora, voltando para a medição da pressão arterial, o padrão pode variar dependendo da idade do indivíduo e de suas peculiaridades, mas, dentro da média, um adulto é hipertenso quando apresenta a pressão acima de 140/90 mmHg (ou 14 por 9). Para idosos, o teto muda para 15 por 9. Em crianças de até 10 anos, 12 por 8 já configura hipertensão.
O que é pressão baixa?
“A pressão arterial só deve ser considerada baixa e vamos ter alguma preocupação com isso, quando ela provoca sintomas, como tontura, escurecimento visual e suor frio. Se ela não está produzindo sintomas, mas os níveis de pressão arterial estão abaixo de 12 por 8, isso não deve ser motivo de preocupação”, explica o cardiologista Velloso.
Tabela para pressão arterial
Para precisar os níveis de pressão arterial, incluindo a pré-hipertensão, é possível consultar a tabela de Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, cuja última edição é de 2020. O documento é desenvolvido por uma ampla gama de especialistas e se baseia em estudos internacionais, incluindo meta-análises — tipo de pesquisa que analisa resultados de diferentes estudos sobre um mesmo tema.
Apesar dos parâmetros da tabela, a cardiologista e nutróloga Karla Gouvea faz um importante apontamento: “A nossa pressão não tem um valor fixo. Ela oscila”. Por isso, uma única medição que dá alterada não é o suficiente para indicar que o paciente é hipertenso. Isso só pode ser dito a partir de medições repetidas, em condições ideias, em duas ou mais visitas médicas, e jamais a partir de um evento isolado. Afinal, em alguns dias, a pressão pode mesmo oscilar. “Se você corre, leva um susto, está fazendo atividade física ou está sentindo dor [como dor na coluna], ela vai subir”, explica Gouvea.
Qual a melhor forma de medir a pressão arterial?
Para medir a pressão arterial, é preciso estar tranquilo e em repouso por pelo menos 5 minutos. Também não deve ter ingerido álcool e, nos últimos 30 minutos, não deve ter bebido café, substância que acelera os batimentos cardíacos. Além disso, é imprescindível que a pessoa não fique falando durante a medição.
Segundo Velloso, “a pressão arterial deve ser medida no braço não dominante”. Isso significa que, se a pessoa é destra, o manguito deve ser colocado no braço esquerdo — acima do cotovelo ou no pulso — e vice-versa. No caso da pessoa estar sentada, a palma da mão deve estar virada para cima com o braço apoiado em uma superfície de modo que fique na altura do coração. Se estiver deitada, a palma da mão também é virada para cima.
No entanto, o cardiologista faz um adendo: “As medidas [de pressão] feitas no pulso ou no dedo não são totalmente confiáveis, sendo mais recomendada a medida no braço”. E, como já explicamos, a medição da pressão não deve ser única. Idealmente, devem ser feitas três medições diferentes, sendo considerada a mais baixa.
Smartwatch e aplicativos gratuitos para medir a pressão arterial
Para deixar bem avisado, não existe aplicativo de celular que, sozinho, mede a pressão arterial (gratuito ou não), de forma reconhecida pelas agências reguladoras. O que acontece é que alguns apps usam as informações coletadas por um smartwatch para fazer a medição da pressão. Nesses casos, é possível, sim, aferi-la. Na primeira vez, o usuário normalmente terá que calibrar o aparelho com a ajuda de um manguito.
Por exemplo, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece o aplicativo Monitor de Pressão Arterial Samsung (BP Monitor App), vinculado ao Galaxy Watch. Só que a agência avisa que esse medidor não deve ser usado para fechar um diagnóstico de hipertensão, o que cabe à análise médica. Então, seria mais uma forma de acompanhamento no entendimento de hoje, mas isso pode mudar em alguns anos.
Para Sueli Vieiras, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, antes de usar o valor de aferição proveniente de um smartwatch, o conselho é que se faça uma comparação com os aparelhos médicos, dentro do próprio consultório, por exemplo.
Vale lembrar que, em caso de pressão arterial alta demais ou de sintomas “estranhos”, como tontura ou dor de cabeça, o paciente deve procurar ajuda médica. Nesses casos, ele pode recorrer ao seu próprio médico e, se isso não for possível, a orientação é buscar um pronto atendimento.
Créditos: Canal Tech.