Foto: Reprodução/CNN.
21/07/2023
- 13:24
Engenheiros
chineses iniciaram na quinta-feira (20) a construção de um novo poço que se
aprofundará na crosta terrestre, ao mesmo tempo que o país intensifica sua
busca por recursos naturais escondidos a dezenas de milhares de metros de
profundidade.
O buraco
chegará a 10.520 metros no solo na Bacia de Sichuan, no sudoeste da China, de
acordo com a agência de notícias estatal Xinhua. A região é uma área importante
para a produção de gás e os engenheiros esperam encontrar uma reserva de gás
natural lá, diz a reportagem.
O anúncio
veio apenas algumas semanas depois que a China começou a perfurar outro poço
que está programado para se estender ainda mais na Terra com uma profundidade
planejada de 11.100 metros. Esse projeto está localizado na Bacia de Tarim, na
região autônoma de Xinjiang, no noroeste do país.
Se
concluídos, eles estariam entre dois dos mais profundos poços feitos pelo homem
no mundo. No entanto, eles não seriam os mais profundos.
Atualmente,
esse recorde pertence ao extinto Poço Superprofundo de Kola, no noroeste da
Rússia, um projeto de perfuração científica da era soviética que levou 20 anos
para ser concluído e chegou a 12.262 metros de profundidade.
Esses
buracos ultraprofundos se estendem mais do que o Monte Everest, medindo de cima
para baixo, que tem cerca de 8.800 metros de altura.
Os
humanos chegaram à lua, mas quando se trata de explorar a terra sob nossos pés,
apenas arranhamos a superfície de nosso planeta.
Perfurar
profundamente permite que os cientistas aprendam mais sobre como a Terra foi
formada, com a crosta agindo como uma linha do tempo geológica ou da formação
do mundo.
Mas
também há fortes incentivos comerciais – explorando reservas de energia
potencialmente lucrativas enterradas nas profundezas.
Ambas as
empresas envolvidas nos poços chineses são grandes conglomerados estatais de
petróleo.
O projeto
mais recente na Bacia de Sichuan é operado pela PetroChina Southwest Oil and
Gasfield Co, uma subsidiária da China National Petroleum Corporation, uma das maiores
empresas estatais de energia da China, segundo a Xinhua.
Classificando-o
como um movimento de “grande importância”, a agência de notícias estatal disse
que o esforço visa explorar recursos profundamente enterrados enquanto “promove
o progresso da tecnologia central e capacidade de equipamento da engenharia de
petróleo e gás da China”.
“A
perfuração revelará ainda mais os segredos da evolução sob a formação Sinian”,
afirmou, referindo-se à forma como as rochas estão dispostas na Bacia de
Sichuan.
Chen
Lili, vice-engenheiro-chefe da PetroChina Southwest Oil, disse à agência de
notícias estatal que esperava uma série de “desafios de classe mundial” a serem
superados durante o processo de perfuração.
Revelando
o projeto de Xinjiang anteriormente, a Xinhua o apelidou de “telescópio” no
extremo mais profundo da Terra, com seu projeto de 2.000 toneladas encarregado
de penetrar em mais de 10 estratos continentais.
A agência
estatal informou que a configuração de perfuração pode suportar 200 graus
Celsius e forças 1.700 vezes maiores que a pressão atmosférica.
Em maio,
a Sinopec Corp disse ter atingido consideráveis fluxos de petróleo e gás em
um poço de exploração na bacia de Tarim, a uma profundidade de 8.591 metros
abaixo da superfície, informou a Reuters.
A China,
a segunda maior economia do mundo e o maior emissor de carbono do planeta, tem
enormes necessidades energéticas. O líder chinês Xi Jinping declarou a
segurança energética futura como uma prioridade de segurança nacional.
A China
se tornou líder global em energia renovável – o país está a caminho de dobrar
sua capacidade de energia eólica e solar e atingir suas metas de energia limpa
para 2030 cinco anos antes, de acordo com um relatório recente.
Mas
também é o maior produtor mundial de poluição que aquece o planeta e está
aumentando a produção de carvão.
Os EUA
são o segundo maior emissor de carbono do mundo.
O enviado
do clima dos EUA, John Kerry, se reuniu com autoridades chinesas em Pequim
nesta semana e pediu uma ação mais rápida para enfrentar a crise climática.
Xi não se
encontrou com Kerry esta semana. Mas durante a visita do enviado
norte-americano, Xi disse em uma conferência nacional sobre proteção ambiental
que o compromisso da China com suas metas de carbono – atingir um pico de
carbono até 2030 e neutralidade de carbono até 2060 – é “inabalável”, segundo a
Xinhua.
“Mas o
caminho, método, ritmo e intensidade para atingir esse objetivo devem ser
determinados por nós mesmos, e nunca serão influenciados por outros”, disse Xi.
Créditos:
CNN.