segunda-feira, 9 de março de 2020

O LAGO NUNCA FOI DE FURNAS


Uma mentira repetida várias vezes, será tomada por verdade”, esse dito popular se confirma a cada vez que repetimos que o “Lago é de Furnas”... somos levados ao engano que se consolida toda vez que inconscientemente afirmamos que o lago tem um dono e não somos nós, porque o “Lago é de Furnas”!

Só agora, analisando documentos, depoimentos e histórias que envolvem o represamento dos nossos rios, pudemos perceber o estelionato que está vem sendo praticado há décadas contra o povo mineiro.
A imagem que ilustra esse artigo, mostra o recorte de um jornal publicado em abril de 1959 e que falava da agonia e das incertezas que tomavam conta do povo que parecia estar sendo atingido por uma catástrofe.

As dimensões dos prejuízos causados ao povo pela inundação das terras são imensuráveis, principalmente se dirigirmos os olhares para as questões culturais e históricas, visto que, grande parte dos lugares “enfurnados”, eram povoações que tinham registros entre os mais antigos e remotos das regiões sul e sudeste de Minas Gerais.
Visto isso, qual é a nossa realidade atual?
Uma coisa é certa, nós não temos direito ao lago, o lago é dominado pelos enfurnantes de Furnas!!
A única coisa concreta que temos, é a incerteza, a mesma dúvida que abalou nossos pais e nossos avós, continua nos afligindo.
Quem investiu no turismo, se sente traído e vê seu patrimônio “derretendo” por falta de uso e de manutenção, os que investiram na piscicultura, nem se fala.
Ainda havemos de mensurar a interrupção no processo de profissionalização que foi interrompido e está totalmente perdido.
O número de empregos diretos e indiretos são milhares.
Entre tantas dúvidas, deixo ainda mais uma pergunta para a meditação dos leitores:
Como estariam as cidades banhadas pelo lago, se a água não tivesse sido enfurnada nos últimos 10 anos?
A BR 491, por exemplo, que é a artéria principal de ligação da região ao estado de SP, foi amplamente aparamentada de um comércio dirigido aos turistas, e que se desenvolveu durante as décadas de 80 e 90, como estaria hoje, se a água não tivesse sido enfurnada?
Na imagem, vemos um dos diques de sustentação que servem de base para a BR 491, esse barranco, deveria estar submerso


POR: EUCLIDES PESCADO - INSTALADOR DE TALISCA