Bandeira da China em Xangai: em 2022 o PIB brasileiro cresceu , segundo o FMI, mais que o chinês pela primeira vez desde 1980, mas padrão das últimas décadas tende a ser retomada neste ano|
O Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que a economia
brasileira cresceu mais que a da China em 2022. Conforme estimativas divulgadas
nesta terça-feira (31), a economia chinesa – a segunda maior do mundo – teve
expansão de 3%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,1%.
Essa possibilidade tinha sido levantada no fim de setembro pelo então ministro
da Economia, Paulo Guedes.
Os dados do FMI, vale ressaltar, são preliminares, uma vez
que os números oficiais dos dois países ainda serão divulgados. Se as projeções
forem confirmadas, terá sido a primeira vez que o Brasil cresce mais que a
China em 42 anos.
A economia chinesa teve um 2022 muito complicado, marcado
pela desaceleração da atividade econômica, decorrente de rígidas regras de
contenção da Covid-19, que limitaram a produção industrial, as vendas
domésticas e o comércio internacional. Um dos exemplos dessa situação foram os
lockdowns registrados no primeiro semestre em importantes polos econômicos do
Leste da China, como as regiões de Shenzhen e Xangai.
O Brasil, enquanto isso, foi beneficiado especialmente pelo
desempenho da atividade econômica no primeiro semestre. Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que nos nove primeiros
meses do ano o PIB brasileiro teve expansão de 3,2% em comparação a igual
período de 2021. Os serviços puxaram o desempenho, com um incremento de 4,4%.
O cenário era completamente diferente em 1980, a última vez
em que o Brasil tinha crescido mais do que a China, então sétima maior economia
do globo. As taxas de crescimento naquele ano foram de 9,2% e 7,8%,
respectivamente.
Na época, a China começava a empreender, sob Deng Xiaoping,
as primeiras reformas que a tornariam a segunda potência econômica do planeta.
Enquanto isso o Brasil, 16.ª maior economia de então, encerrava um ciclo de
forte crescimento, iniciado em 1967, e se encaminhava para quase uma década e
meia de turbulências econômicas. A partir dali, o país enfrentou as
consequências de moratória da dívida externa, hiperinflação e sucessivos planos
econômicos para tentar estabilizar os preços, o que só seria concretizado em
1994, com o Plano Real.
Ao que tudo indica, o período de expansão mais forte do
Brasil foi breve. As expectativas são de que a China volte a crescer mais neste
ano, de acordo com dados do FMI. Bem mais, aliás: as primeiras projeções para o
gigante asiático sinalizam para uma expansão de 5,2% em 2023. Para o Brasil, o
Fundo espera alta de apenas 1,2%.
Um dos fatores que contribui para o crescimento do país
asiático é o fim da rígida política de contenção da pandemia, que levou a uma
rápida reabertura da economia. Mas há sinais de alerta no ar: a recuperação
pode travar devido a ondas de Covid-19 ou desaceleração do setor imobiliário,
que é relevante para a China.
O economista-chefe do Fundo, Pierre-Olivier Gourinchas,
aponta que ainda há sinais de fraqueza no segmento imobiliário. Relatório do
FMI aponta que é uma “grande fonte de vulnerabilidade” que pode levar a uma
inadimplência generalizada e instabilidade no mercado financeiro chinês.
COM: GAZETA DO POVO