Gabriela Cecchin/Folhapress
25/03/2025 | 5 min de leitura
Usuários das redes sociais comentaram recentemente sobre
o óleo de bagaço de oliva, que apesar de utilizado como uma alternativa mais
barata, é vendido a preços semelhantes ao do azeite extravirgem.
O óleo é extraído dos resíduos finais da oliva, após a
retirada de todo o azeite, e é tratado com solventes até se tornar próprio para
consumo.
São quatro franquias de supermercados na região do
Ipiranga, em São Paulo, na zona sul da capital paulista. O preço médio
observado para o azeite extravirgem foi de R$ 40 a R$ 50 para o frasco de 500
ml. A marca mais cara encontrada vendia um vidro de 250 ml a R$ 115. A
reportagem encontrou o óleo de bagaço apenas em uma das redes visitadas. A
opção da marca De Olliva saía por R$ 37,90, e o Olitalia estava na promoção, de
R$ 44,90 por R$ 29,90.
Só podem ser considerados azeite produtos obtidos
exclusivamente das azeitonas, sem mistura de qualquer outro óleo, segundo
instrução normativa nº 1 de 30 de janeiro de 2012 do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Na prática, existem quatro tipos de azeite:
- Extravirgem: tem
mais qualidade, acidez menor ou igual a 0,8% e é produzido a partir de
azeitonas em ótimo estado;
- Virgem: considerado
de qualidade intermediária, com acidez menor ou igual a 2% e poucos
defeitos;
- Tipo
único: compreende o grupo "azeite de oliva" e "azeite
de oliva refinado", com técnicas de refino que não provocam alteração
na estrutura glicerídica inicial;
- Lampante: tem
acidez maior que 2% e não pode ser destinado diretamente à alimentação humana, podendo ser refinado para
enquadramento nos tipos "azeite de oliva" ou "azeite de
oliva refinado"
O ÓLEO DE BAGAÇO
O ministério define o óleo de bagaço de oliva como o "produto obtido do
bagaço do fruto da oliveira tratado fisicamente ou com solvente, excluídos
qualquer óleo obtido por processo de reesterificação ou pela mistura com outros
óleos, independentemente de suas proporções". Apesar de ter somente
azeitonas em sua composição, não é permitido o uso da palavra azeite para
designação do óleo de bagaço de oliva.
Em entrevista publicada no início do ano, Cristiane
Souza, CEO do grupo Gallo no Brasil, que comercializa a marca De Olliva,
explicou que, apesar de ser uma novidade no território nacional, o produto já é
conhecido em outros países, como nos Estados Unidos. "É uma boa
alternativa para aqueles que se acostumaram com o azeite, mas que deixaram de
ter acesso ao produto por conta da inflação dos últimos anos."
Mas o produto não é tão novo em solo brasileiro. Alfredo
Matheus Maldonado, diretor da área latino-americana da empresa Costa d'Oro, que
comercializa o óleo de bagaço sob o nome La Sansa di Oliva, diz que o produto é
comercializado desde o início da operação na empresa, nos anos 1970.
"A Sansa é um subproduto do azeite extravirgem de
oliva, e portanto o seu preço acompanha as flutuações do preço do azeite",
explica. "Hoje um quilo de Sansa custa na casa de 2,50 euros. Antes de
2020, custava menos de 1,10 euro. Calculamos que, na época de início de
lançamento, um quilo de sansa custava aproximadamente 17 centavos de
euro."
Segundo Alfredo, houve uma alta no mercado de La Sansa di
Oliva durante a crise do azeite de oliva, causada, entre outros fatores, por
secas severas enfrentadas pela Espanha, responsável por praticamente metade de
todo o azeite produzido no mundo.
"Para se ter uma ideia, em novembro de 2021, devido
ao alto consumo para utilização em produtos enlatados, como atum e verduras em
conserva, seu preço chegou a representar uma diferença de apenas 6% do valor do
quilo do extravirgem. Hoje falamos em cerca de 45% de diferença."
COM INFORMAÇÕES DA FOLHA DE SP