20/11/2025 - 4 minutos para saber
Nesta quinta-feira (20), o presidente Donald Trump
assinou uma ordem executiva que cancela integralmente as tarifas de 40%
aplicadas a produtos brasileiros, encerrando um impasse aberto desde julho,
quando as sobretaxas foram impostas sob alegações de “emergência nacional”.
A decisão atinge um amplo portfólio de itens. O texto
divulgado pela Casa Branca menciona produtos do agronegócio, mas vai muito além
deles.
Entre os setores contemplados estão carnes, frutas,
nozes, cacau, café, chá, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos, além de
alimentos processados, bebidas, fertilizantes, minérios, minerais, combustíveis
fósseis, petróleo e derivados. Todos esses itens passam a ser liberados sem a
tarifa extra, voltando ao regime anterior às medidas de julho.
A ordem executiva determina que será feito o reembolso
integral dos valores pagos desde a aplicação das tarifas. O anúncio também
alinha a vigência da nova diretriz ao corte promovido na semana passada, quando
Trump já havia revogado uma taxa adicional de 10% que incidia principalmente
sobre alimentos. Com isso, o pacote de sobretaxas imposto ao Brasil ao longo de
2025 está completamente desfeito.
A reversão representa uma guinada em relação ao decreto
de 30 de julho, no qual Trump afirmava que ações do governo brasileiro eram
“incomuns” e “extraordinárias”, supostamente afetando a economia e a política
externa dos EUA e ameaçando empresas norte-americanas.
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À época, o republicano citava até impactos sobre a
liberdade de expressão nos Estados Unidos como justificativa para impor tarifas
de 40%.
Agora, porém, o discurso mudou. Segundo o novo documento,
recomendações adicionais da equipe econômica e o avanço nas negociações com
Brasília fundamentam a retirada total das taxas.
A Casa Branca reconhece que o diálogo direto com Luiz
Inácio Lula da Silva foi determinante. Trump registra na ordem executiva que
manteve uma conversa com o petista no dia 6 de outubro de 2025, ocasião em que
ambos concordaram em iniciar uma rodada de negociações para revisar o Decreto
Executivo 14323 — o mesmo que aplicava a tarifa de 40%.
Desde então, segundo o documento, as equipes técnicas dos
dois países têm mantido contato contínuo, o que abriu caminho para a solução. A
Casa Branca destaca que as tratativas seguem em andamento, indicando que outros
ajustes comerciais podem ser discutidos futuramente.
A revogação das sobretaxas deve aliviar tensões
acumuladas nos últimos meses e pode reaquecer o intercâmbio comercial entre
Brasil e Estados Unidos.
Setores como agronegócio, mineração e indústria de
alimentos eram os mais pressionados pelas tarifas e já calculam o impacto da
medida sobre exportações represadas desde julho.
Empresários brasileiros interpretam a decisão como um
sinal positivo do governo norte-americano, especialmente após a suspensão
parcial anunciada na última semana.
O desfecho também reduz incertezas sobre políticas
comerciais que vinham interferindo na logística de exportação e no planejamento
de contratos de longo prazo.
Com a nova diretriz, o comércio bilateral retorna ao seu
patamar anterior às disputas deste ano, enquanto Washington e Brasília
prosseguem nas negociações abertas após a conversa entre Trump e Lula, conforme
registrado na própria ordem executiva.