Abril 12, 2023
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Pesquisadores
chineses criaram uma bateria “de água salgada autocarregável” capaz de eliminar
o câncer de mama ou diminuir em 90% o tamanho do tumor em duas semanas, quando
combinada a um nova classe de medicamento (ainda em testes) denominada
pró-fármacos ativados por hipóxia (HAPs, na sigla em inglês).
O estudo foi
realizado por cientistas da Universidade de Fudan, em Xangai, e publicado na
revista científica Science Advances.
Uma das maiores
dificuldades dos fármacos convencionais contra a doença é que eles não são
direcionados especificamente para o tumor do indivíduo, o que aumenta a toxicidade
e os efeitos coletarais nos pacientes.
Para contornar essa
situação, os cientistas criaram o dispositivo — composto de dois eletrodos, um
de poli-imida biocompatível e outro de zinco —, que é colocado no tecido
tumoral e age diretamente no “terreno” de que o tumor depende para crescer.
Durante o processo
de descarga e autocarga da bateria, ela consome o oxigênio desse ambiente.
Dessa forma, ela suprime o crescimento do tumor e cria um nível de hipóxia
(quando não chega oxigênio suficiente às células), perfeito para potencializar
a ação dos HAPs — no caso do estudo, a tirapazamina.
Para provar esse
conceito, os pesquisadores testaram a terapia em cinco camundongos com
carcinoma mamário murino 4T1 (comumente usado para entender a biologia dos
tumores em geral, por sua característica invasiva).
Em um primeiro
momento, eles mediram a eficácia da solução salina (usada para reduzir o
tamanho do tumor) e da bateria de forma individual na diminuição de oxigênio
(O₂), em outros camundongos. O dispositivo, por si só, reduziu o nível de O₂
para 1,9% em duas semanas.
Já a solução
diminuiu o nível de O₂ para 14,1% após 14 dias.
Essa maior
efetividade do dispositivo na diminuição do oxigênio ficou clara quando a
bateria foi combinada à tirapazamina (HAP): o tumor desapareceu em 80% dos
camundongos (o equivalente a quatro dos cinco que estavam sendo testados).
No caso em que ele
não foi completamente eliminado, teve o volume médio reduzido em 90%.
O estudo ainda
avaliou a eficácia do tratamento combinado em laboratório (fora dos animais)
com tumores fatiados e o uso de corantes. Ele constatou que as células tumorais
foram claramente eliminadas pela terapia em várias profundidades.
Os resultados
sugerem que usar a bateria antes de iniciar um tratamento com os HAPs, a longo
prazo, pode aumentar a eficácia do medicamento.
Além disso, a
bateria diminui os efeitos colaterais do tratamento — os pesquisadores não
observaram alterações no peso nem nos principais órgãos dos camundongos.
“Este trabalho é um
estudo cruzado entre a tecnologia de baterias e a bioterapia, que não apenas
fornece um novo método de tratamento para terapia antitumoral, mas também cria
um precedente para baterias em aplicações biomédicas”, disse Xia Yongyao, autor
do estudo e professor da Universidade de Fudan, à agência de notícias estatal
chinesa Xinhua.
Informações do R7.