Presidente diz que terá que
consultar equipe econômica e ministério da Energia antes de aceitar participar
RIAD - A Arábia Saudita convidou informalmente o Brasil para se juntar à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) , disse o presidente Jair Bolsonaro . O convite seria um sinal da crescente importância do país como produtor de petróleo e do desafio que impõe à influência do grupo de produtores nos mercados de petróleo.
Bolsonaro recebeu o convite
nesta quarta-feira, após realizar reuniões esta semana com autoridades
sauditas, incluindo o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman , disse
o presidente brasileiro, ao participar da conferência da Iniciativa de
Investimento Futuro, em Riad. Na terça-feira, o governo anunciou que a Arábia Saudita
investirá até US$ 10 bi em projetos no Brasil .
— É o primeiro passo para
talvez implementar essa política no Brasil — disse Bolsonaro.
O presidente acrescentou porém
que precisaria consultar a equipe econômica e o Ministério de Minas e Energia
antes de concordar em participar. Ele disse em um painel de discussão na
conferência que estava ansioso pelo Brasil aceitar o convite.
— Podemos conversar sobre
isso. Eu teria que ouvir o meu ministro da Economia e meu ministro também das
Minas e Energia para que, uma vez eu anunciando algo nesse sentido, a palavra
seja cumprida lá na frente. Eu costumo sempre conversar com os ministros antes
de tomar uma decisão. Afinal de contas, é a melhor maneira que nós temos de
manter a nossa credibilidade. Mas, particularmente, gostaríamos que
integrássemos a Opep. Sim. Temos potencial para isso. Temos reservas de óleo
maiores que alguns países que já integram a Opep —, afirmou Bolsonaro, que fez
menção ao lmegaleilão de pré-sal, durante seminário de parecerias econômicas.
O Brasil se prepara para se
tornar um grande produtor de petróleo, com a entrada em produção de áreas do
pré-sal. Na próxima quarta-feira, será realizado o megaleilão de cessão
onerosa e, segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo
(ANP), a arrecadação de União, estados e municípios com royalties e impostos vai
dobrar .
Se ingressar, o Brasil poderá
se tornar o terceiro maior produtor da Opep, depois da Arábia Saudita e do
Iraque. A crescente produção brasileira está dificultando o esforço da Opep em
manter os preços do petróleo no atual patamar diante da crescente oferta dos
campos de petróleo não-convencial dos EUA e do enfraquecimento da economia
global.
As reservas de petróleo do
Brasil são maiores do que as de vários membros da OPEP, disse Bolsonaro. O
Brasil e a OPEP poderiam formar "uma grande parceria" ajudando uns
aos outros a estabilizar os preços globais de combustíveis fósseis, afirmou o
presidente.
O Brasil produziu 2,71 milhões
de barris por dia em 2018, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE),
que prevê que a produção média do país chegue a 2,9 milhões este ano e 3,22
milhões em 2020.
A produção brasileira em
agosto subiu 220 mil barris por dia para um recorde de 3,1 milhões, a AIE disse
em seu relatório mais recente.
Flerte com Opep
Criada em 1960 em Bagdá, no
Iraque, a Opep busca coordenar a oferta de petróleo por países produtores para
sustentar preços.
O grupo, que é liderado na
prática pela Arábia Saudita e tem 14 membros, incluindo países como Irã, Kuweit
e Venezuela, está no momento implementando um pacto de cortes de produção em
associação com outros produtores não associados, como a Rússia, em aliança
conhecida como Opep+.
O Brasil flertou com o grupo
de produtores em algumas ocasiões desde a descoberta de enormes reservas de
petróleo em áreas de pré-sal, na década passada.
O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva chegou a afirmar em entrevistas que desejava ver o Brasil como
membro da Opep, mas o movimento não se concretizou mesmo após um convite formal
do Irã em 2008.
Mais recentemente, no governo
de Michel Temer, o Brasil se descolou do discurso da Opep, ao defender uma
rápida expansão da produção local em momento em que o cartel buscava aliados
para conter a oferta global e sustentar os preços do petróleo.
Com: Agências Internacionais