terça-feira, 12 de novembro de 2019

CARTEIRINHA DE ESTUDANTE AGORA É DIGITAL E GRATUITA

O presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou nesta sexta-feira (6) uma medida provisória que cria uma carteirinha estudantil digital. Chamado “ID Estudantil”, o documento valerá para alunos dos ensinos fundamental, médio ou superior.

            Entenda em 8 pontos

  1. Emissão será gratuita por meio de lojas de aplicativo no celular
  2. Caixa Econômica vai oferecer o documento físico de graça
  3. Emissão está prevista para começar em 90 dias para o ensino superior e até seis meses para alunos da educação básica
  4. MP não prevê veto à emissão de carteirinhas por Une, Ubes e outras entidades
  5. Estudante que emitir o "ID Estudantil" vai ter que fornecer dados para banco do MEC
  6. Sem citar entidades, Bolsonaro diz que MP é "bomba" e evita que "certas pessoas" promovam o socialismo nas universidades
  7. Em maio, polêmica sobre as carteirinhas levou a demissão do presidente do Inep
  8. Documento permite que estudantes paguem meia entrada em shows, teatro, cinema e outros eventos culturais
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Governo federal vai emitir carteira de estudante de graça

Nas lojas em 90 dias

A carteirinha poderá ser baixada gratuitamente em um formato de aplicativo nas lojas Google Play e Apple Store. Os dados serão usados na tela do celular, sem necessidade de impressão. Quando for necessário, um documento físico poderá será emitido em parceria com a Caixa Econômica Federal.
Assim como a carteirinha tradicional, o documento permite que estudantes paguem meia entrada em shows, teatro, cinema e outros eventos culturais. A emissão, no entanto, só começa 90 dias após a assinatura da MP e publicação no Diário Oficial.
Segundo o secretário-executivo do MEC, Antônio Paulo Vogel, o prazo de 90 dias descrito na MP deve valer apenas para o ensino superior. Para outras etapas (ensino fundamental, médio, técnico e profissional), o início da emissão pode levar até seis meses, em razão da demanda.
O projeto é conhecido desde a equipe de transição do governo Bolsonaro, que propôs a centralização dos documentos como forma de desidratar o orçamento do movimento estudantil.
Sem citar o nome de entidades, o presidente fez críticas aos representantes dos estudantes e disse que o atual modelo de emissão das carteirinhas colabora com a defesa do socialismo.
"Essa lei de hoje, apesar de ser uma bomba, é muito bem vinda, vem do coração. E vai evitar que certas pessoas, em nossas universidades, promovam o socialismo. Socialismo esse que não deu certo em lugar nenhum do mundo, e devemos nos afastar deles" - Jair Bolsonaro, presidente
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, citou diretamente as entidades estudantis.
"Instituições como a UNE e outras, impregnadas por uma esquerda... O que nós estamos fazendo hoje é libertar cada jovem, cada estudante. Não pagar dinheiro nem para UNE nem para Ubes, para quem quer que seja. Basta acessar a internet e fazer o cadastro", afirmou o ministro.

Sem entidades

Atualmente, uma lei de 2013 prevê que a carteirinha seja emitida por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Ambas cobram R$ 35 pela carteira, além do frete.

Esse serviço é uma das principais fontes de recursos das entidades. A UNE fica com 20% do valor (R$ 7), e a Ubes, com 25% (R$ 10,50). A TV Globo aguarda retorno das duas organizações sobre o número de carteirinhas emitidas nos últimos anos.
Além de UNE e Ubes, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), as entidades estudantis municipais e os diretórios estudantis e acadêmicos das faculdades também podem emitir o documento.

'Não estuda nem trabalha'

Bolsonaro afirmou que há "muitos estudantes pobres" para os quais o custo atual de R$ 30 para emissão das carteirinhas "faz diferença". Na sequência, fez contas para mostrar o valor que seria arrecadado pelas entidades estudantis.
"Eu não sei quantos têm carteira no Brasil, vou chutar aqui uns 20 milhões. Se botaram aí R$ 20, vai dar quanto? R$ 400 milhões. Talvez seja um pouco menos, que seja R$ 100 milhões. São R$ 100 milhões que deixam de sair do bolso de quem trabalha, para ir para o bolso de quem não estuda, nem trabalha" - Jair Bolsonaro
O presidente ainda associou a medida à conquista da "liberdade estudantil".
"Estou feliz também por poupar o trabalho de uma minoria que representa os estudantes. Eles nem vão trabalhar mais, afinal de contas, agora o seu tempo laboral será zero. Não teremos mais uma minoria para impor certas coisas em troca de uma carteirinha", afirmou Bolsonaro.


Simulação do ID Estudantil — Foto: Divulgação/MECSimulação do ID Estudantil — Foto: Divulgação/MECSimulação do ID Estudantil — Foto: Divulgação/MEC
DO: G1