quinta-feira, 19 de novembro de 2020

CNC E MINASUL DESENVOLVEM ESTUDOS E PLANEJAMENTOS ESTRATÉGICOS PARA A CEFEICULTURA

 

Modal ferroviário, para escoamento da produção de café, é uma das propostas

A Minasul recebeu na última terça-feira (17), Silas Brasileiro, presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), e o jornalista Marcelo Lara, especialista em agronegócio, para uma reunião de estudos e planejamento estratégico de novas ações para a cafeicultura brasileira. A visita faz parte do programa “CNC em Ação”, que tem como objetivo divulgar as atividades e conquistas do Conselho em relação à produção cafeeira do País a produtores, associados, diretores e parceiros.

“Essa visita ao Sul de Minas, especialmente à Minasul, é exatamente pensando em 2021. Nós não temos muito tempo para poder nos reinventar, temos que mostrar algo diferente a partir de 2021 para vencermos toda essa crise que enfrentamos agora, quando se gastou tantos recursos do tesouro na área social. A única forma que temos é buscar uma empresa dinâmica, que tenha realmente essa previsão, e uma cidade que tenha essa urgência, que possa atender aquilo que nós representamos, que é a cafeicultura nacional. Como Conselho Nacional do Café, estamos buscando, com apoio da Minasul, implantar um braço operacional do CNC em Varginha, pois a Cooperativa tem essa mesma visão de buscar efetivamente algo novo e fazer com que nos tornemos cada vez mais competitivos”, explica Silas Brasileiro. 

Antes da reunião na Minasul, Silas e Marcelo, juntamente com José Marcos Magalhães e Guilherme Salgado, respectivamente presidente e diretor comercial da Minasul; e Arnaldo Bottrel Reis, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas, tiveram a oportunidade de conhecer a Fundação Procafé e o Porto Seco Sul de Minas. 

José Edgard Pinto Paiva, presidente da Fundação Procafé e João Marcelo Oliveira, superintendente executivo da entidade, receberam a comitiva. No Porto Seco, eles se encontraram com o presidente da empresa, Cleber Marques de Paiva, e o diretor Breno Nogueira Paiva. Durante a visita, o presidente do Porto Seco apresentou o trabalho desenvolvido na exportação/importação de produtos e destacou a necessidade do apoio do CNC para a cadeia produtiva do café. 

Cafeicultura 2021

Como já apresentado, a reunião teve como tema geral os rumos da cafeicultura pós-pandemia Covid-19, pois, para o presidente do CNC, a cafeicultura precisa se reinventar para se adaptar ao novo mercado. Para alcançar esse objetivo, há uma série de ações a serem implementadas, baseadas em alguns pilares, e explicados pelo presidente do CNC.

 “A promoção do café é fundamental. Precisamos investir em pesquisa para baixar custos, na produtividade e na promoção do café. Com isso, faremos uma diferença muito grande e contribuiremos para uma área fundamental, que é a área social, que muitas vezes deixamos de lado. E uma grande preocupação desse projeto em 2021 é aproximar o urbano do rural, pois o urbano não sabe a dificuldade de produzir um saco de café. Essa proximidade que estamos buscando é para mostrar a importância do rural e fazer com que haja mais compreensão e, consequentemente, ninguém vai se opor ao projeto social, que fixa realmente o cidadão na sua origem”. 

 Entre as principais ações propostas para colocar em ação essas estratégias é ampliar o escoamento da produção por meio do modal ferroviário. “Para muitos, essa proposta pode ser considerada como um retrocesso, mas nós enxergamos como algo inovador. Todo o ecossistema do café, inclusive as grandes traders, estão em nossa região, com cerca de 200 escritórios e mais de 30 exportadoras. 45% do café arábica comercializado no mundo passa por aqui. Simplificar e reduzir os custos na logística é muito importante. O investimento no transporte de café e de outras mercadorias no modal é uma excelente oportunidade, pois dará grandes retornos aos nossos produtores”, explica o presidente da Minasul. 

Durante a visita ao Porto Seco, o presidente da empresa ressaltou a importância da malha ferroviária para a região, que irá viabilizar grande capacidade logística para Minas, para o produto café e ainda fomentar o turismo e o desenvolvimento econômico em toda extensão ferroviária.

 Ainda segundo José Marcos, há vários investidores privados interessados nesse novo empreendimento, que tem o prazo final de cinco anos para ficar pronto. “Existem estudos que comprovam que a Fernão Dias, nosso principal ponto de escoamento para São Paulo e Belo Horizonte, estará totalmente congestionada até 2025, devido ao aumento da produção cafeeira e de cereais, bem como o respectivo consumo de insumos / produtos da nossa região. Portanto, estamos correndo contra o tempo. Nosso prazo é de cinco anos, mas estamos trabalhando para que o tempo seja menor, em torno de dois anos”.

 Para implementar esse projeto logístico, a Minasul está participando juntamente com o Porto Seco e outras entidades, da análise da malha ferroviária mais viável. “Temos duas hipóteses: de Varginha a Cruzeiro, para o Porto de Santos, que apesar de ser um local congestionado é totalmente aparelhado para a exportação do café, ou de Ribeirão Vermelho a Volta Redonda, através do Porto do Rio, ou Sepetiba, que também oferece vantagens, inclusive despesas menores”, explica José Marcos.

 Para o presidente da Cooperativa, além da redução de custo, outra vantagem no modal está na economia de tempo. “O transporte rodoviário tende a ser mais rápido, mas ao chegar no Porto de Santos, a descarga é muito mais complexa que uma descarga ferroviária. Uma composição de trem chega a ter 80 vagões, ou seja, a capacidade de carga é maior que os bitrens ou caminhões”.

 Pesquisas realizadas pela Minasul mostram que a produção de soja vem crescendo anualmente, nas últimas safras, 10%. Dentro de seis a sete anos, a produção de cereais irá dobrar. Portanto, praticar a logística somente com o transporte rodoviário é impossível. “O modal ferroviário será para o café, soja, milho e trará insumos e mercadorias importadas”, finaliza José Marcos.

 “No dia em que a ferrovia conseguir trazer produtos importados, podemos chegar a uma redução de custo de até 50% do valor da exportação. Podemos ter uma economia, por saca de café, em torno de R$ 6,00, e isso vai diretamente para o produtor rural”, comenta Guilherme Salgado, diretor comercial da Minasul e presidente da BSCA – Associação Brasileira de Cafés Especiais.

 Turismo

A proposta de reestruturar a malha ferroviária também é vista como uma forma de valorizar o turismo rural. Segundo Guilherme, “nesse modal ferroviário, se a opção escolhida for a malha de Varginha a Cruzeiro, ele passaria na região da Mantiqueira, e lá têm muitas fazendas de cafés especiais. Isso seria uma grande oportunidade para desenvolver o turismo rural”.

COM: ASCOM/MINASUL