Subiu para cinquenta e três o número de funcionários e profissionais de saúde do Hospital Universitário de Londrina (PR) que contraíram a Covid-19 depois de terem sido vacinados contra a doença. Dentre estes funcionários, dois receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca, onze receberam as duas doses da mesma vacina, e um total de trinta e uma pessoas receberam as duas doses da vacina chinesa Coronavac.
Entre os contaminados estão pessoas que trabalham na área da limpeza, médicos e estudantes que atuam no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (PR). Todos os contaminados apresentam até o momento sintomas leves da doença.
A superintendente do Hospital Universitário de Londrina (HUL/UEL), Vivian Feijó, afirmou que os casos registrados seriam uma “prova” de que a vacina funciona, evitando a internação e mantendo as pessoas com casos leves: “isso mostra pra gente que a vacina funciona, que ela prioriza a intenção dos casos leves, ou seja, não leva a internação”.
A afirmação da superintendente não faz muito sentido: a intenção primária de qualquer imunização é impedir completamente que as pessoas desenvolvam uma determinada doença, ou, pelo menos que não morram dela.
Porém, no caso descrito pela superintendente do HU/UEL, só seria possível afirmar que a vacina ofereceu alguma proteção contra agravamento da doença se houvesse documentação da soroconversão: as pessoas não possuíam anticorpos antes da vacina (“IgG negativas’) e então se tornaram IgG positivas após a vacina. Isso documentaria que a vacina conferiu alguma proteção. Será que estes dados estão disponíveis para todos os casos analisados pela Sra. Feijó?
Mesmo havendo soroconversão (mudança do estado de IgG negativo para IgG positivo), é possível que alguém se contamine e desenvolva a doença para a qual a vacina deveria protegê-la, algo que os especialistas classificam sob o rótulo Índice de falha em alguns.
Além disso, algumas pessoas corretamente imunizadas não fazem soroconversão: a vacina contra Hepatite B, p.ex., apresenta eficácia de 29% após 3 aplicações, e em alguns casos podem ser necessárias várias doses subsequentes do imunizante para que o indivíduo desenvolva anticorpos suficientes contra o vírus.
Sem documentar a soroconversão após a vacina, ou seja: sem determinar se ocorreu ou não a formação de anticorpos contra SARS-CoV19, baseada em quais evidências a Sra. Feijó foi capaz de alegar que as pessoas vacinadas haviam desenvolvido defesa e, por isso, apresentando quadros mais brandos da doença?
Colaboração Camila Abdo/Com: Crítica Nacional