Marcola foi avisado com atraso sobre as execuções, ou seja, não participou das decisões. Exterminar os antigos chefes seria uma profilaxia interna da facção e uma forma de dar novos rumos para a organização. Teriam assumido o controle do PCC os traficantes Marcos Roberto de Almeida, 51 anos, o Tuta; e Valdeci Alves dos Santos, 50, conhecido como Colorido. Foragidos, a suspeita é que ambos estariam escondidos na Bolívia.
Informação extramuros
De acordo com levantamentos feitos pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), internos, como Marcola, nunca ficam tanto tempo encarcerados e sem o controle total das informações extramuros. Preso desde 2002, o maior criminoso do país ficou 1.415 dias na solitária e tem pena para cumprir até o ano de 2.276, após ser condenado a 330 anos de reclusão. A legislação brasileira permite que um sentenciado fique atrás das grades por até 30 anos.
Marcola deixou a Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA) na última quinta-feira (3/3) e desembarcou em Porto Velho, Rondônia, por volta das 13h. A coluna teve acesso a fotos e vídeos que mostram o forte aparato montado para garantir a segurança da operação.
O líder do PCC estava algemado com as mãos para frente, calçava chinelos e vestia o uniforme usado pelos presos federais. Fortemente armados, agentes de execução penal federais escoltaram o 01 da maior facção criminosa do país até um furgão, que o levou ao local de decolagem da aeronave.
Mal-estar
A chegada dele ao Presídio Federal de Brasília causou mal-estar entre o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governador Ibaneis Rocha (MDB). O chefe do Executivo local era contrário à permanência de lideranças de facções no Distrito Federal. À época, o emedebista mostrou-se preocupado com a segurança da capital da República, já que familiares e integrantes dos grupos criminosos se instalariam na cidade para ficarem mais perto de seus comandos.
Em declaração à coluna, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ressaltou que a transferência de Marcola do DF era uma das prioridades em sua gestão. “Todos sabem que eu nunca concordei com a permanência de líderes de facção na capital federal. Brasília não é melhor que qualquer outra cidade, mas temos características únicas no país, e isso tem que ser levado em consideração. Desde o primeiro momento em que soube que Marcola estaria aqui, ainda como secretário de Segurança Pública do DF, fui contrário”, lembrou.
COM: FOLHA/CORREIOBR/CNN