
05/01/2025
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o valor do pacote de 1kg fecha o ano de 2024 custando, em média, R$ 50,70.
Os principais fatores que justificam o aumento, são as constantes secas, as altas temperaturas e quebra de produção em todo o mundo. Os especialistas acreditam que a alta deve se manter até 2026, período que as lavouras vão precisar para se recuperar se houverem chuvas suficientes.
O plantio sofreu com as oscilações do clima, que impediu o desenvolvimento das colheitas. No entanto, os problemas com geadas e ondas de calor vêm acontecendo desde 2020. A previsão é de que as demandas pela bebida, a segunda mais consumida do mundo, continuem em elevação.
A Abic informou que o consumo teve aumento entre janeiro e outubro de 2024, em 0,78%. O Vietnã, que é o maior produtor mundial do café robusta, também está enfrentando danos devido ao clima.
O Brasil também tem ganhado destaques no cenário internacional, explorando novos clientes, como é o caso da China, que realiza as compras em uma taxa anual de cerca de 17%. "Uma parte grande do consumo no mundo são em países ricos desenvolvidos, que são muito menos sensíveis a altas de preços", disse o consultor de café no Itaú BBA, Castro Alves.
Uma outra parte do crescimento do consumo tem ocorrido na Ásia, que são países que estão conhecendo agora o café. Então, não daria para dizer que o consumo vai cair e isso vai fazer o preço se ajustar", continuou o consultor, reforçando que a planta perdeu muitas folhas nos últimos anos.
Já o pesquisador especializado em café do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro, acredita que a safra deveria, independentemente das circunstâncias, estar em boas condições mas não está.
"Era para estar uma condição muito mais saudável, para que a planta tivesse uma boa produção. Provavelmente, as plantas vão gastar energia, agora, fazendo folha, formando galhos, sendo que era o momento de cuidar dos grãos", disse na reportagem.
No cenário internacional, as guerras no Oriente Médio são um dos principais empecilhos para o desenvolvimento das exportações. No Brasil, a oferta de portos ainda é pouca, tornando o processo mais lento.
Segundo o diretor executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, o principal fator que prejudica o desenvolvimento da lavoura é a escassez da água. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de 2024 chegue a 54,8 milhões de sacas, representando uma redução de 0,5% em comparação a 2023.
"A gente tem que lembrar que o café é uma cultura que é colhida uma vez por ano", disse Celirio.
Consequentemente, o recorde no aumento dos preços da bebida tem preocupado os produtores e agentes financeiros. "Isso está assustando, porque é um aumento bastante significativo. A gente falava em janeiro em termos de R$ 700, R$ 750 a saca. Hoje, está entre R$ 2.100 e R$ 2.200", continuou o diretor da Abic.
Para 2026, as expectativas para o plantio são positivas. Entretanto, ainda assim, depende muito das condições climáticas de 2025. "Se houver chuva em janeiro, fevereiro, e um pouco de março, então a expectativa vai ser boa. Se não houver, a expectativa é mais estressante", afirma Silva, da Abic.
COM: ABIC/CEPEA/BNEWS