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O setor agrícola e economistas compartilham um consenso quanto à projeção de alta nos preços dos alimentos em 2025. Apesar da previsão de uma safra recorde de grãos e da atuação fraca do fenômeno La Niña, que devem abrandar a dinâmica de aumento, alguns produtos serão os principais responsáveis pelas pressões inflacionárias.
A carne bovina e o café estão entre os grandes "vilões" deste cenário, com altas estimadas de 7,5% e 20%, respectivamente.
A carne de frango também deve registrar aumento significativo, na casa de 8%, impulsionado pela migração de consumidores que buscam alternativas à carne bovina, mais cara. Outros produtos também apresentam projeções de aumento: 9,1% para o arroz e 5,5% para o leite longa vida. Segundo Alexandre Maluf, economista da XP, o índice geral de alimentos e bebidas pode subir até 9,2% neste ano.
O café, especificamente, enfrenta desafios consideráveis. O preço da saca de 60kg de café arábica no mercado interno chegou a R$ 2.387,85, uma alta impressionante de 132% em um ano. Maluf destaca que a restrição de oferta no mercado internacional dificulta qualquer medida eficaz para conter os preços.
Na análise de economistas, a política fiscal tem papel crucial nas projeções de preços. Uma retomada de confiança dos agentes econômicos, amparada por resultados primários melhores que o esperado, poderia trazer estabilidade à inflação e aos preços. Carmo, economista e defensor da política de estoques reguladores, acredita que essa medida seria essencial para suavizar as oscilações de preços em cenários de alta volatilidade. Ele alerta que intervenções precipitadas podem perturbar o mercado e que a preocupação excessiva com a inflação alimentar em ano eleitoral não é saudável.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o estoque de café no Brasil está praticamente zerado desde 2018, o que agrava a situação. Segundo Carmo, essa condição reflete a falta de preparação ao longo dos anos: “É um pouco da história da cigarra e da formiga. Ninguém se prepara e, depois, realmente não há o que fazer.”
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Agrário atribuiu os aumentos nos preços de commodities — como café, açúcar, laranja e carne — a fatores como eventos climáticos que impactaram a safra passada e às condições do mercado internacional.