Mais de 120 chefes do IBGE se rebelam contra a nomeação feita por Lula para o comando da instituição.

A gestão de Márcio Pochmann à frente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta uma crise sem precedentes.
Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Pochmann é alvo de uma carta aberta assinada por 134 servidores, incluindo 125 gerentes, gerentes substitutos, coordenadores e dois ex-diretores. O documento, revelado pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, denuncia práticas autoritárias e um ambiente de trabalho insustentável.
Nas últimas semanas, dois diretores pediram demissão, enquanto outros dois devem seguir o mesmo caminho ainda este mês. Na carta, os servidores destacam que o “clima organizacional está deteriorado” e que há “sérias dificuldades” para o desempenho das lideranças. Eles expressaram solidariedade aos diretores que renunciaram, afirmando que suas saídas foram motivadas por discordâncias com as práticas de Pochmann e pelo desrespeito ao corpo técnico da autarquia.
A criação da Fundação IBGE+ é o principal foco de insatisfação. Segundo os signatários, a fundação funcionaria como uma entidade paralela, colocando em risco a missão institucional do IBGE. Eles alertam que a iniciativa pode esvaziar o protagonismo do instituto e comprometer a independência das pesquisas nacionais, ao apresentar a fundação como única solução para a captação de recursos financeiros.
Outro ponto de tensão foi um comunicado divulgado pela gestão na semana passada, descrito na carta como um “ataque inaceitável à integridade ética dos servidores e de seu sindicato”.
Para os signatários, a condução de Márcio Pochmann é marcada por um viés “autoritário, político e midiático”, o que estaria na raiz da crise enfrentada pelo IBGE. A situação levanta questionamentos sobre o futuro da instituição e o impacto que as mudanças na gestão podem trazer para a produção de dados essenciais para o país.