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24/04/2025 | 3 min de leitura
As relações entre Índia e Paquistão, duas potências
nucleares do Sul da Ásia, atingiram um ponto crítico após a Índia fechar as
comportas de represas que abastecem o Rio Indo, essencial para a agricultura e
o fornecimento de água potável no Paquistão. A decisão, anunciada em 23 de
abril de 2025, veio como retaliação a um ataque terrorista na Caxemira indiana
que matou 26 turistas, atribuído por Nova Délhi a grupos apoiados por
Islamabad. O Paquistão, que depende do rio para irrigar 80% de suas terras agrícolas,
classificou a interrupção do fluxo de água como um "ato de guerra",
elevando temores de um conflito armado que pode romper o cessar-fogo mantido,
com interrupções, desde 2003.
Respostas e Retaliações Agravam a Crise
Em resposta, o Paquistão fechou seu espaço aéreo para companhias aéreas
indianas, suspendeu vistos para cidadãos indianos e deu 48 horas para que
deixassem o país, além de cortar relações comerciais e diplomáticas. O governo
paquistanês afirmou que qualquer tentativa de manipular o fluxo de água será
enfrentada com "medidas rígidas de reciprocidade", enquanto o
ministro da Defesa acusou a Índia de travar uma "guerra de baixa
intensidade". A Índia, por sua vez, intensificou a retórica, acusando o
Paquistão de apoiar o terrorismo transfronteiriço e prometendo punir os
responsáveis pelo ataque na Caxemira. A suspensão de acordos bilaterais pelo
Paquistão sinaliza uma escalada sem precedentes, com ambos os lados mobilizando
forças na fronteira.
Risco de Guerra Nuclear e Apelos Internacionais
A comunidade internacional observa com preocupação o risco de um confronto
militar entre as duas nações, que juntas possuem cerca de 300 ogivas nucleares.
A água, historicamente um ponto de tensão na região, tornou-se uma arma
geopolítica, com o Paquistão enfrentando sérias ameaças à sua segurança hídrica
e alimentar. Apelos por diálogo foram feitos pela ONU e potências globais, mas
a falta de negociações e a retórica beligerante de ambos os lados sugerem que o
cessar-fogo, já fragilizado, pode colapsar, trazendo consequências devastadoras
para o Sul da Ásia.
Por Júnior Melo