Doença pode ser desencadeada por queda na imunidade e estresse; vacina não está disponível no SUS
23 de abril de 2025 - 3 minutos de leitura
A herpes-zóster é causada pela reativação do vírus
varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora (Foto: SHUTTERSTOCK)
Os casos de herpes-zóster no estado de São
Paulo registraram um crescimento de 395% no período de janeiro a
agosto entre 2019 e 2024, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.
Durante esses meses em 2019, foram contabilizados 1.071 atendimentos ambulatoriais
da doença. Já no mesmo período de 2024, esse número saltou para 5.302.
Especialistas apontama pandemia da covid-19 como um dos fatores que podem ter
contribuído para esse aumento(entenda mais abaixo).
A herpes-zóster, também conhecida como cobreiro,
é causada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca
a catapora. Esse vírus pode permanecer adormecido no organismo por
décadas, alojado no sistema nervoso central, e voltar a se manifestar
quando a imunidade está comprometida, como em períodos de estresse ou
doenças crônicas.
A relação entre a pandemia e a alta nos casos
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi,
explica que há evidências científicas associando a covid-19 à maior
incidência de herpes-zóster.
“Um estudo brasileiro identificou um aumento de 35% nos
casos de herpes-zóster relacionados à Covid-19. Ainda estamos investigando os
mecanismos dessa relação, mas suspeitamos que alterações no sistema imunológico
provocadas pelo coronavírus possam reativar o vírus varicela-zóster, que fica
adormecido no organismo após a catapora”
afirmou.
Além do impacto direto da infecção pelo coronavírus,
fatores como o isolamento social prolongado, o aumento da ansiedade e do
estresse durante a pandemia também são considerados gatilhos
potenciais para a manifestação da doença, de acordo com a especialista.
O que é herpes-zóster e como identificar
Segundo Mônica Levi, a doença é causada pelo vírus
varicela-zóster e ocorre quando o agente infeccioso, que
permanece dormente no sistema nervoso após a catapora, é reativado. A
doença pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum em pessoas
com mais de 50 anos ou que apresentam baixa imunidade.
Os primeiros sinais incluem dores nos nervos,
ardência, formigamento e febre. Na sequência, surgem bolhas dolorosas e
coceira intensa, geralmente localizadas em uma área limitada do corpo, como o
tronco ou o pescoço. A dor é intensa e muitas vezes descrita como
queimação ou choques elétricos.
Em casos graves, as complicações incluem neuralgia
pós-herpética, uma condição que pode causar dores crônicas mesmo após a
cura das lesões.
Existe vacina?
A vacina contra a herpes-zóster está disponível no
Brasil apenas na rede privada de saúde e é considerada altamente
eficaz, com índices de proteção acima de 90% em pessoas acima de 50 anos.
Contudo, o custo elevado — cerca de R$ 1.600 pelas duas doses
necessárias — impede que muitos tenham acesso ao imunizante.
Desde março deste ano, um projeto de lei tramita na
Câmara dos Deputados para incluir a vacina no PNI (Programa Nacional de
Imunizações). A proposta ainda está em análise na Comissão de Defesa dos
Direitos da Pessoa Idosa.
Prevenção e cuidados
A herpes-zóster não é contagiosa e não se transmite
de pessoa para pessoa, mas o vírus varicela-zóster pode ser disseminado
através do contato com as bolhas para quem nunca teve catapora ou não foi
vacinado contra a doença. Por isso, é importante evitar o contato direto com as
lesões em fase ativa.
O tratamento da herpes-zóster depende do diagnóstico
precoce.
“O uso de antivirais, se iniciado nas primeiras horas
após o surgimento das lesões, pode reduzir a duração e a gravidade dos
sintomas”
finaliza Mônica Levi.
*Com informações de Juliano Castro/Laura Nardi/EPTV Campinas