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02 /07 / 2024 / 2 MINUTOS DE LEITURA
Participei
da reunião do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política
(COSENP) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),
comandado pelo ex-presidente Michel Temer, que teve como conferencista
Germano Rigotto(ex-governador do Rio Grande do Sul).
Conversamos
muito, durante os debates que tivemos, e concluímos que o presidente
Lula tem que falar pouco. Cada vez que ele fala, prejudica a economia, o
mercado, a Bolsa de Valores e, ainda, faz com que os investimentos se
afastem do país. Tudo isso por causa dos preconceitos que ele tem contra
o mercado, os investidores e contra aqueles a quem ele chama de elite
empresarial. Praticamente todo o Conselho concordou.
O
presidente Lula atrapalha o Ministro Haddad, que se esforça para ter um
controle maior da economia e do arcabouço fiscal, que há muito os
conhecedores entendem que dificilmente poderá ser cumprido. O certo é
que cada vez que o presidente da República fala sobre economia,
demonstra um profundo desconhecimento do que representa a política
monetária, o que termina prejudicando o Brasil.
Ora,
quase todos os analistas dizem que a recente queda na Bolsa e o aumento
do dólar decorreu das reiteradas manifestações do Presidente Lula,
absolutamente contrárias às regras mínimas da economia, o que tem
prejudicado o país.
O
desempenho do Brasil em relação ao dólar e à Bolsa de Valores, tem sido
o pior possível. Em relação às ações, todos os países, dos mais
importantes do mundo aos denominados países emergentes, tiveram um
crescimento na Bolsa. O Japão, 15,98%; os Estados Unidos, 13,87%; a
Índia, 7,97%; a China, 1,93%; a Alemanha, 7,46%; a Itália, 7,62%.
Enquanto todos os países do mundo cresceram, nós tivemos, no Brasil, uma
queda no mesmo período de 10,50%.
Todos
os países onde as Bolsas tiveram um desempenho positivo são aqueles nos
quais, por causa de suas políticas, os investidores podem confiar. No
Brasil tal confiabilidade cai porque os investidores têm grande
preocupação em decorrência de frases como: “o que se tem que fazer é
aumentar a tributação, elevar a arrecadação, reduzir juros”; deixando
nosso presidente de perceber que sem política fiscal só resta o
instrumento da política monetária.
Vamos examinar agora o comportamento do dólar. Em relação a todos os países do mundo, houve uma queda muito pequena. O rand
sul-africano desvalorizou 0,17%, a libra esterlina, 0,34%, Singapura,
2,42%, o dólar australiano, 2,88%. Então, todas elas tiveram uma pequena
desvalorização. O dólar de Taiwan, 5,6%. Já o Real desvalorizou 9,94%.
Ao
avaliarmos, portanto, o desempenho das principais moedas, a nossa é a
que teve o pior desempenho. Desvaloriza-se o real perante o dólar, o
dólar sobe, a Bolsa cai e o presidente Lula continua fazendo
manifestações que preocupam.
Após
reunião com Fernando Haddad e Simone Tebet, na qual foi solicitada
revisão de gastos, nada foi feito. Somento o corte de gastos fará com
que o governo, por fim, reconheça que não é aumentando a tributação e
reduzindo os juros que se combate a inflação; que não é deixando de
fazer política fiscal e pretendendo destruir a política monetária que se
consegue atrair investimentos. Vale destacar: só se consegue atrair
investimentos quando se tem estabilidade e segurança.
Ronald
Coase e Douglas North foram dois prêmios Nobel de Economia. Eles diziam
que é a estabilidade das instituições que garante o crescimento de um
país através da economia de mercado. Essa estabilidade é o que o povo
brasileiro quer.
O
presidente Lula deveria saber, por ser presidente da República, que
cada palavra sua influencia todos que a ouvem. E por essa razão não
deveria falar de improviso, pois fala mal. Em segundo lugar, deveria
realmente consultar os seus assessores que entendem de economia, para só
depois manifestar-se, a fim de não termos esses desastrosos resultados
que os números da economia indicam.
Ives Gandra da Silva Martins é
professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU,
do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do
Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal
Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades
Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis
(Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e
das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal),
presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP,
ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos
Advogados de São Paulo (Iasp).