Apenas dez doenças são responsáveis por mais da metade das mortes no mundo todo. Em 2019, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 55% dos cerca de 55 milhões de óbitos ocorridos no planeta foram atribuídos a essas doenças.
São elas:
- doença cardíaca isquêmica;
- AVC;
- doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
- infecções do trato respiratório inferior;
- complicações neonatais;
- câncer de traqueia, brônquios e pulmão;
- Alzheimer e outras demências;
- doenças diarreicas;
- diabetes;
- e doenças renais.
A OMS agrupa as causas de morte em três categorias: doenças transmissíveis (doenças infecciosas e parasitárias e condições maternas, perinatais e nutricionais), doenças não transmissíveis (crônicas) e lesões.
As três principais causas de óbito estão relacionadas aos sistemas cardiovascular e respiratório e a complicações neonatais.
As doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e AVC, são responsáveis por 74% de todas as mortes no mundo, representando, assim, um desafio para os sistemas públicos e privados de saúde de todos os países.
Globalmente, podemos afirmar que as doenças não transmissíveis são a principal causa de morte, mas a situação muda quando separamos os países por faixa de renda.
Nos países de baixa renda, as complicações neonatais, as infecções de trato respiratório inferior e as doenças diarreicas estão entre os problemas de saúde que mais matam.
Malária, tuberculose, aids e acidentes rodoviários fazem parte da lista das principais causas de morte nesses países, que convivem simultaneamente com altas taxas de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Ao contrário das nações mais ricas, em que a maioria das mortes é provocada por doenças não transmissíveis, seis das dez causas de morte mais comuns nesses países são atribuídas às doenças transmissíveis.
Uma pessoa de um país de baixa renda tem um risco muito maior de morrer de doença transmissível do que de doença não transmissível, exatamente o oposto do que ocorre nos países de alta renda
No Brasil, o SUS foi pensado em uma época em que as doenças transmissíveis eram a principal causa de morte da população. Seu papel foi fundamental para alterar esse cenário.
Entre 1996 e 2006, a desnutrição crônica em crianças com menos de 5 anos caiu 50%, segundo a Unicef; já a mortalidade materna sofreu uma redução de 43% entre 1990 e 2013, mostram dados do UNA-SUS. A cobertura vacinal de doenças potencialmente graves também aumentou consideravelmente entre as décadas de 1990 e 2016.
Por outro lado, o aumento da longevidade da população associado a maus hábitos de vida, como sedentarismo e má alimentação, mudou o perfil da saúde de parte significativa dos brasileiros.
No entanto, assim como outros países de renda baixa e média, o Brasil vive o aumento dos casos de doenças não transmissíveis, enquanto ainda enfrenta altas taxas de doenças transmissíveis.
A enorme desigualdade de renda do país nos obriga a conviver com doenças como dengue e malária ao mesmo tempo em que vemos aumentar o número de pessoas com diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Entender as causas de morte das pessoas é essencial para pensar políticas públicas de saúde que incluam prevenção e tratamento e para direcionar recursos.
O Brasil tem um enorme desafio pela frente: reduzir significante e definitivamente suas altas taxas de doenças transmissíveis ao mesmo tempo em que tem de lidar com a mudança de perfil dos pacientes, causada pelo crescimento das doenças não transmissíveis.
A saída é investir na melhoria da Atenção Básica, que tem condições de diagnosticar e tratar a maioria dos casos de doenças crônicas e agudas, aliviando, assim, a sobrecarga dos níveis de atenção secundário e terciário, que abarcam os serviços especializados e hospitais.
Também é importante investir em prevenção, o que inclui não apenas a educação da população, mas o fornecimento das condições básicas para que as pessoas consigam manter um estilo de vida mais saudável.
POR: TBN / DIÁRIO DO BR