Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de junho de 1945 numa família de classe média baiana, a qual vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador. Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas, se dedicava às atividades domésticas.
Em
julho de 1945, foi registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador
com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro, batizaram-no na
Igreja Matriz da Boa Viagem. Em 4 de dezembro de 1948, nasceu o único irmão de Raul, Plínio Santos Seixas,
com quem teria um bom relacionamento durante sua infância. Seus estudos
começaram em 1952, quando passou a frequentar o curso primário,
estudando com a professora Sônia Bahia, e depois de concluído o curso em
1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos.
Em 13 de julho de 1959, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão. Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, foi através de Serrão que Raul Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla. Segundo Raul, o encontro com Serrão foi fantástico: "me preparei todo, botei a gola pra cima, botei o topete, engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, mascando chiclete".
O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma maneira de ser".
Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde chegou à 3.ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Nessa época, Raul começou a se interessar pela leitura, pois seu pai, que amava livros, possuía uma vasta biblioteca em casa. Tão logo decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os volumes que encontrava na biblioteca do pai e assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão 4 anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços.
Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado "Melô" (algo como "amalucado"), que viajava para diversos lugares imaginários como o "Nada", o "Tudo", "Vírgula", "Xis ao Cubo" e "Oceanos de Cores". Segundo Raul, "Melô" era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu." Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator. Ambos tinham algo em comum: adoravam literatura, mas odiavam a escola.Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria: "Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la.".
De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava frequentar a escola vez ou outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou como ele ia na escola e pediu o seu boletim.
Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas a mãe Maria Eugênia interrompia, dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rock o tempo inteiro, essa porcaria desse béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices." Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem-vindo entre as famílias