O deserto do Atacama, localizado no Chile, apresenta um dos ambientes mais extremos e inóspitos da Terra. Apesar disso, há milênios, seres humanos habitaram essa região, deixando atrás de si provas impressionantes de seu domínio sobre o terreno. Entre essas evidências, destacam-se os geoglifos, desenhos monumentais feitos sobre o solo que surpreendem pela sua preservação ao longo dos séculos.
O Atacama é famoso por abrigar o maior geoglifo conhecido: o Gigante do Atacama. Este enigmático desenho se encontra nas encostas do Cerro Unitá e continua a intrigar pesquisadores e arqueólogos por seu tamanho e pelo mistério de sua criação e função. Ao lado de milhares de outros geoglifos, o Gigante compõe um impressionante mosaico de arte milenar que desafia as condições climáticas da região.
O Gigante do Atacama: História e Características
O Gigante do Atacama, um dos geoglifos mais impressionantes do mundo, mede 119 metros e data de tempos pré-históricos. Este imponente desenho no solo é considerado um Patrimônio Nacional Protegido pelo Ministério de Bens Nacionais do Chile desde 2020. Ele se destaca não apenas pelo tamanho, mas também pela técnica de sua realização, que envolve o raspamento da superfície do solo para criar um contraste entre as cores das camadas de terra.
Gigante do Atacama tem 119 metros de comprimento (Imagem: reisegraf.ch/Shutterstock)
Este geoglifo faz parte de um conglomerado de mais de 5.000 desenhos espalhados pelo Atacama, cujo propósito e significado ainda são objeto de estudo e especulação. Enquanto alguns sugerem usos religiosos ou culturais, outros avançam a hipótese de que o Gigante do Atacama poderia ter servido para fins astrológicos.
Afinal, qual o propósito dos geoglifos?
Os geoglifos do Atacama têm intrigado os estudiosos durante décadas. Uma das teorias mais discutidas sugere que estes desenhos poderiam estar relacionados a algum tipo de prática religiosa ou cultural dos antigos habitantes da região. Alguns pesquisadores acreditam que estejam alinhados com fenômenos celestiais, como eclipses solares e lunares, hipótese sustentada pelo alinhamento dos espinhos que se projetam da cabeça do Gigante com o Sol e a Lua em momentos específicos do ano.
Independente da função exata, o que permanece claro é que esses geoglifos encapsulam uma conexão profunda entre os antigos habitantes do Atacama e o ambiente que os cercava. Eles representam não apenas uma façanha artística, mas também um indício da complexidade da civilização que os concebeu.
Técnicas de Criação dos Geoglifos
A técnica de realização dos geoglifos no Atacama geralmente envolve o método “extrativo”. Este método se baseia no raspamento da camada superficial oxidada do terreno, revelando um solo mais claro que contrasta fortemente com a área ao redor. Tal técnica resultou em desenhos perceptíveis à distância, algo que certamente deve ter sido parte do propósito estético e possivelmente comunicativo dos criadores.
Geoglifos são desenhos gigantescos e geométricos feitos no solo (Imagem: Tetris Awakening/Shutterstock)
Além do método extrativo, existem também técnicas que incorporam pedras e outros materiais locais para complementar os desenhos, aumentando a durabilidade e complexidade dos geoglifos, assegurando que resistam à passagem do tempo.
Descobertas Recentes e Preservação
Enquanto muitos geoglifos foram descobertos e catalogados ao longo dos anos, o interesse por novas descobertas e pela preservação desses monumentos cresce constantemente. Eventos naturais e a atividade humana podem ameaçar essas antigas obras de arte, tornando necessário um cuidado especial para sua conservação.
Programas de preservação e estudo não se concentram somente em evitar danos, mas também em entender melhor essas obras, utilizando tecnologia moderna, como mapeamentos via satélite e análises digitais, que revelam detalhes de geoglifos dificilmente visíveis a olho nu. Esses esforços visam garantir que futuras gerações também possam se maravilhar com o legado deixado pelos antigos habitantes do deserto do Atacama.
COM: TBN