terça-feira, 9 de julho de 2024

ALGUMAS PESSOAS NÃO CONTRAEM A COVID-19... ESTUDO REVELA OS MOTIVOS PELOS QUAIS ISSO ACONTECE

 

(Divulgação)
(Divulgação)

09/07/2024  | 6 min de leitura

**Estudo de resposta imune revela por que algumas pessoas não pegam COVID-19**

 Um estudo pioneiro usando tecnologia de sequenciamento de célula única elucidou como o corpo humano reage à exposição ao vírus SARS-CoV-2, revelando respostas imunes inéditas que ajudam a explicar por que algumas pessoas não contraem COVID-19. Conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores do Instituto Wellcome Sanger, University College London (UCL), Imperial College London, Instituto do Câncer da Holanda, e outros colaboradores, a pesquisa oferece uma linha do tempo detalhada da resposta imunológica desde a exposição inicial ao vírus.

O estudo, publicado na revista *Nature*, faz parte do primeiro desafio humano COVID-19 do mundo, no qual voluntários adultos saudáveis foram expostos ao SARS-CoV-2 para observar diretamente as respostas imunes. Entre os participantes, alguns não desenvolveram infecção, fornecendo uma oportunidade única para identificar respostas imunes associadas à resistência ao vírus.

### Metodologia e Descobertas

Utilizando o sequenciamento de célula única, os cientistas analisaram mais de 600.000 células individuais de 36 voluntários saudáveis, sem histórico prévio de COVID-19. Durante o estudo, conduzido pelo Imperial College London, os voluntários receberam o vírus pelo nariz. A equipe monitorou detalhadamente o sangue e o revestimento nasal dos participantes, observando toda a infecção e a atividade das células imunes antes e durante o evento infeccioso.

A pesquisa revelou respostas imunes não relatadas anteriormente que foram cruciais na detecção imediata do vírus. Entre estas, destacam-se a ativação de células imunes especializadas na mucosa e a redução de glóbulos brancos inflamatórios, que normalmente destroem patógenos. Notavelmente, os indivíduos que eliminaram o vírus rapidamente apresentaram respostas imunes inatas sutis, sem a resposta generalizada típica.

### Resistência ao Vírus

Os pesquisadores sugerem que altos níveis de atividade do gene HLA-DQA2 antes da exposição ajudaram algumas pessoas a evitar infecções sustentadas. Em contraste, os seis participantes que desenvolveram infecção mostraram uma resposta imune rápida no sangue, mas mais lenta no nariz, permitindo que o vírus se estabelecesse. Além disso, foram identificados padrões comuns entre os receptores de células T ativados, que reconhecem e se ligam às células infectadas pelo vírus. Este achado pode abrir caminhos para o desenvolvimento de terapias de células T direcionadas contra COVID-19 e outras doenças infecciosas.

### Implicações Futuras

Dr. Rik Lindeboom, co-primeiro autor do estudo, destacou a oportunidade única de observar respostas imunes em adultos sem história prévia de COVID-19, num cenário controlado. O Dr. Marko Nikolić, autor sênior da UCL, afirmou que essas descobertas oferecem uma nova compreensão sobre os eventos iniciais cruciais que determinam se o vírus se estabelece ou é rapidamente eliminado, o que pode influenciar o desenvolvimento de novos tratamentos e vacinas. A Dra. Sarah Teichmann, cofundadora do Atlas de Células Humanas, ressaltou que o estudo contribui para a construção do Atlas de Células Humanas, permitindo identificar quais células são críticas no combate a infecções e por que as respostas ao coronavírus variam entre os indivíduos.

Shobana Balasingam, líder de pesquisa da Wellcome, enfatizou a importância dos modelos de desafio humano para entender as respostas imunológicas desde a infecção até o desenvolvimento dos sintomas. Ela destacou a necessidade de expandir tais estudos para ambientes de poucos recursos, onde as doenças são endêmicas, visando desenvolver ferramentas e terapias contextualmente relevantes para os mais vulneráveis. Este estudo representa um avanço significativo na compreensão da resposta imune ao SARS-CoV-2, oferecendo insights valiosos para a prevenção e tratamento da COVID-19 e outras doenças infecciosas.

Fonte: Gazeta Brasil