Ibovespa fecha acima dos 89 mil pontos pela
SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou, pela primeira vez na história, acima dos 89 mil pontos. A confiança dos investidores com a continuidade das reformas fiscais e na escolha dos nomes fortes do novo governo deu impulso ao índice, que fica agora muito perto das projeções de 90 mil a 100 mil pontos das principais casas de investimento.
Dessa vez, porém, existe uma perspectiva relevante de que os estrangeiros voltem para a bolsa, após a saída de recursos de R$ 6,2 bilhões no mês passado. O Brasil é, na opinião dos especialistas, um dos países mais bem posicionados entre os emergentes, depois que a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) elevou o otimismo com os ajustes fiscais e com consequente melhora do ambiente de negócios.
As sinalizações, até agora, de fusão de ministérios reforça a tese de gestão voltada ao compromisso fiscal e redução do Estado, o que é positivo do ponto de vista do mercado. Os fundos locais continuam atuantes na bolsa, em busca das ações com melhores chances de recuperação e com “desconto” em relação aos pares.
Esse raciocínio explica, por exemplo, a alta das ações ordinárias do Bradesco, que superou o desempenho dos papéis preferenciais do banco, de outros pares privados e também de estatais. A performance corresponde a uma troca de posição dos investidores, em busca do papel que, entre as instituições financeiras, é o mais “atrasado”.
Hoje, Bradesco ON subiu 3,69%, Bradesco PN avançou 2,14%, Itaú Unibanco PN ganhou 1,08% e Banco do Brasil ON teve alta de 0,07%. As units do Santander caíram 0,38%.
Entre as ações dos bancos, só Bradesco ON perde para o Ibovespa na variação acumulada do ano. Enquanto o índice sobe 17,3%, Bradesco ON ganha 14,5%. Já Bradesco PN avança 21,7% no ano, enquanto Itaú Unibanco PN acumula alta de 26%; Banco do Brasil ON sobe 40,2%. As units do Santander têm alta de 37,1% em 2018.
Apesar do Brasil passar por um momento particularmente favorável, o exterior continua como ponto de cautela importante, sobretudo pelas preocupações em termos de crescimento global e impasses comerciais entre China e Estados Unidos. Hoje, a situação lá fora é mais amena, mas o receio nessa frente ainda permanece como pano de fundo.
“Continuamos trabalhando com uma projeção de Ibovespa em 95 mil pontos até o fim do ano, mas o exterior também será importante para garantir que o avanço seja mais forte ou mais fraco”, diz Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.
Entre as maiores altas, Cosan ON foi destaque (11,45%), com o mercado recebendo bem o cancelamento da reorganização societária. A companhia iria incorporar a Cosan Log e passar a ser controladora direta da Rumo, mas recebeu diversos questionamentos de acionistas e investidores, o que motivou a suspensão da proposta.
Dessa forma, os investidores que haviam colocado Ultrapar ON em carteira no lugar de Cosan ON inverteram o movimento — e, por esse motivo, Ultrapar liderou as baixas do Ibovespa (-2,92%).
Dê:Valor