terça-feira, 2 de janeiro de 2024

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2024: POLARIZAÇÃO NACIONAL E DESAFIOS LOCAIS NA DISPUTA PELOS MUNICÍPIOS


6 de outubro: falta um ano para as Eleições 2024 — Tribunal Regional  Eleitoral de São Paulo
Em outubro deste ano, os brasileiros serão convocados novamente às urnas para eleger prefeitos e vereadores nos 5.570 municípios do país. No entanto, o cenário eleitoral se desenha sob uma perspectiva peculiar, marcada não apenas por questões locais, mas também pelo expressivo montante de dinheiro público destinado ao pleito: o fundo eleitoral conta com vultosos R$ 5 bilhões, dobrando a quantia destinada às eleições municipais de 2020.

Historicamente, as eleições municipais são palcos de desafios e problemas locais, mas neste ano, a polarização persistente entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro promete imprimir uma nova dinâmica ao processo eleitoral. Ambos líderes políticos já se movimentam nos bastidores para eleger aliados, tornando a disputa mais um capítulo da intensa rivalidade que marca a política nacional.

As grandes cidades, principalmente na região Sudeste, devem ser protagonistas de um embate ideológico acirrado, cujas reverberações ultrapassam os limites locais. Especialistas apontam para a continuidade do debate ideológico iniciado em 2022, que tende a influenciar o comportamento do eleitorado em centros urbanos expressivos.

O Partido Liberal (PL), agremiação política ligada ao ex-presidente Bolsonaro, enfrenta o desafio de expandir sua influência nos municípios, marcando sua primeira eleição sem Bolsonaro no poder. Trata-se de um teste significativo para o bolsonarismo, que busca consolidar sua presença no cenário político municipal.

É notável recordar que o Partido dos Trabalhadores (PT) teve seu pior desempenho nas eleições municipais de 2020. Agora, o partido busca recuperar protagonismo nas cidades, aproveitando o controle da máquina pública federal e uma agenda econômica como trunfos estratégicos.

Além das disputas locais, a eleição de 2024 assume uma importância crucial para a correlação de forças no Congresso Nacional. Com parlamentares detendo um montante recorde de R$ 53 bilhões em emendas, o jogo legislativo pode sofrer significativas mudanças. Os prefeitos, nesse contexto, emergem como peças-chave na definição da agenda legislativa brasileira para os próximos anos.

A expectativa é de uma elevada taxa de reeleição de prefeitos, alimentada por um "círculo virtuoso e vicioso". As bases eleitorais são irrigadas com recursos provenientes de emendas parlamentares, fortalecendo laços políticos entre prefeitos e deputados. Este fenômeno cria uma dinâmica em que deputados, ao auxiliarem prefeitos, consolidam apoio para futuras eleições, reforçando uma rede de interesses interconectados.

Em resumo, as eleições municipais de 2024 não apenas definirão os gestores locais, mas também delineiam o panorama político nacional, revelando as dinâmicas da polarização, os desafios partidários e a redistribuição de poder no Congresso. O eleitorado, mais uma vez, se vê diante de um processo eleitoral repleto de nuances e implicações que transcendem os limites municipais.

POR: ANDRÉ WYVER - UNIVERSITÁRIO/EMPRESÁRIO DO 3° SETOR